Cúpula da Amazônia é marcada por protestos contra a exploração de petróleo

Cúpula da Amazônia manifestações
NAIARA JINKNSS / ANA MENDES

Sumaúma: Alvo de protestos de ambientalistas e indígenas, exploração de petróleo na Amazônia vira “anta na sala” no 1º dia da Cúpula de Belém (PA).

A Cúpula da Amazônia começou nesta 3ª feira (8/8) em Belém, no Pará, com um assunto dominando as manifestações da sociedade civil: o veto a novos projetos de exploração petrolífera no bioma, proposto pelo governo da Colômbia, mas rejeitado por Brasil e outras nações amazônicas.

Folha e g1 destacaram o documento Amazônia Livre de Petróleo e Gás, assinado por mais de 80 entidades da sociedade civil, que pede aos países amazônicos uma “política articulada de eliminação imediata dos combustíveis fósseis” como parte do esforço contra a crise climática e pela proteção da Amazônia.

“A interrupção do desmatamento é necessária e essencial para garantir a proteção da maior floresta tropical [do mundo], mas não é mais suficiente. Em um momento em que emergência climática está causando ondas de calor e eventos extremos sem precedentes em todo o planeta, a redução imediata de exploração, produção e queima de combustíveis fósseis (…) deve ser uma prioridade absoluta”, diz o documento.

O pano de fundo é o polêmico projeto da Petrobras na costa do Amapá, na chamada Margem Equatorial Brasileira. Em maio passado, o IBAMA negou a licença para o empreendimento, alegando falta de estudos e informações sobre os impactos ambientais, o que causou uma divisão dentro do governo federal. O próprio presidente Lula vem sinalizando que o projeto pode ser liberado pelo governo federal, a depender de um novo pedido da Petrobras.

O tema “combustíveis fósseis” segue formalmente fora do esboço da declaração final da Cúpula de Belém. Questionado, Lula tergiversou e minimizou o assunto no contexto do evento. “Você acha que eu vim aqui para discutir isso agora?”, respondeu o presidente brasileiro, citado por Estadão, Folha e Poder360, entre outros.

Pelo lado do Brasil, no entanto, o governo segue dividido. A ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) defendeu que as autoridades considerem o que a ciência fala sobre a crise climática antes de tomar decisões a respeito de novos projetos de energia fóssil. “Qualquer atitude que não considere o que a ciência está dizendo pode cometer erros que são irreversíveis e com grande prejuízo”, disse Marina. “Mesmo que consigamos reduzir o desmatamento em 100%, se o mundo não parar com as emissões por combustível fóssil, nós vamos prejudicar a Amazônia de igual forma”. CBN e g1 deram mais detalhes.

Já os entusiastas da exploração petrolífera na Amazônia seguem batendo seu bumbo. Citado pelo g1, o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia,  disse que “o mundo ainda, infelizmente, não chegou ao ponto de poder renunciar à matriz energética atual, que tem o combustível fóssil como predominante”. Silveira defendeu que o Brasil tem o direito de “conhecer as nossas potencialidades” de reservas de petróleo e gás.

 

ClimaInfo, 9 de agosto de 2023.

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