Navio cargueiro movido a vento estreia em viagem ao Brasil

navio cargueiro a vento
divulgação YaraMarine

Cargueiro equipado com velas especiais partiu em sua viagem inaugural e pode ajudar a reduzir emissões do transporte marítimo, um dos maiores poluidores do mundo.

O navio de carga Pyxis Ocean, equipado com velas especiais gigantes movidas a vento, partiu em sua viagem inaugural, da China para o Brasil. É o primeiro teste da tecnologia na “vida real”.

O uso das grandes velas WindWings, projetadas pela empresa britânica BAR Technologies e produzidas pela Yara Marine Technologies, visa reduzir o consumo de combustível e, portanto, a pegada de carbono do transporte marítimo, informa a BBC. A Cargill, que fretou a embarcação, diz esperar que a inovação ajude a indústria a caminhar em direção a um futuro mais verde.

O setor marítimo responde por 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. Com as WindWings, a expectativa é que as emissões da embarcação sejam reduzidas em até 30%. Se a tecnologia for combinada com o uso de combustíveis alternativos, os desenvolvedores acreditam que a redução das emissões poderá ser ainda maior, informa a CNN.

O Pyxis Ocean foi adaptado com WindWings medindo até 37,5 metros de altura. As velas foram instaladas no convés do cargueiro, explica a Reuters. Jan Dieleman, presidente da divisão de transporte marítimo da Cargill, disse à Bloomberg que a empresa espera recuperar os custos com a inovação com economia de combustível.

Embora não seja um conceito novo – afinal, os veleiros datam de mais de 5.000 anos –, novas tecnologias de propulsão assistida pelo vento têm surgido nos últimos anos. Enormes pipas e tecnologias de rotores foram testadas em navios de carga, na tentativa de reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis. De acordo com a International Windship Association, há só 20 grandes embarcações comerciais equipadas com propulsão eólica operando hoje.

Em tempo: A seca que atinge o Canal do Panamá, um dos símbolos mais poderosos do comércio global, vem afetando o trânsito de navios pela via, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. Devido à redução drástica do volume de água – mais um efeito da crise climática –, as embarcações têm aguardado quase quatro dias, em média, na hidrovia, segundo a Clarkson Research Services, unidade do maior corretor de navios do mundo. Há dois meses, a espera era de pouco mais de um dia. Alguns navios tiveram atrasos de até 20 dias. A Bloomberg destaca que num verão com temperaturas recordes e incêndios florestais, a seca do Canal do Panamá é mais um lembrete de como o aquecimento do planeta poderá perturbar o comércio global.

 

ClimaInfo, 23 de agosto de 2023.

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