Queda de fiscalização na Amazônia faz dobrar emissões no governo Bolsonaro

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Valentina Ricardo / Greenpeace

Mesmo sem condições de seca severa, emissões em 2019 e 2020 foram tão elevadas quanto as vistas no El Niño extremo de 2015 e 2016.

Quedas expressivas na fiscalização ambiental nos dois primeiros anos do governo do inominável, em 2019 e 2020, foram fundamentais para a explosão nas emissões de gases estufa na Amazônia. Mesmo sem seca severa, o que potencializa queimadas, as emissões nesses dois anos foram tão elevadas quanto as registradas durante o El Niño extremo de 2015 e 2016 – que levou a alguns dos mais elevados graus de crescimento de CO2 atmosférico já vistos.

As conclusões fazem parte de uma pesquisa, que contou com participação de cientistas do INPE, publicada na revista Nature na 4ª feira (23/8). Segundo os pesquisadores, apesar de desde 2018 o desmatamento ter aumentado em 80%, como consequência da redução de políticas públicas, houve uma redução de 50% nas multas, destaca a Folha.

“Estimamos que as emissões tenham dobrado nos anos de 2019 e 2020, em comparação ao período 2010-2018, como consequência dessas mudanças, e, em 2020, também por estresse climático”, afirma o artigo, que tem como principal autora Luciana Gatti, do INPE. Olhando os anos individualmente, e sempre em comparação ao período-base (2010-2018), em 2019 houve aumento de 89% nas emissões. Em 2020, o crescimento foi de 122%.

Em 2015 e 2016, durante o El Niño extremo, as emissões amazônicas atingiram seus pontos mais altos na década. Foram liberados 1,9 bilhão de toneladas de CO2 e 2,2 bilhões de toneladas de CO2, respectivamente. Em 2019 e 2020, as emissões foram de 1,6 bilhão de toneladas de CO2 e 1,9 bilhão de toneladas de CO2, respectivamente.

À época, o Ministério do Meio Ambiente havia sido entregue ao hoje deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), lembra o Estadão. Órgãos como o IBAMA e a FUNAI começaram a ser desmontados, e em pouco tempo o Brasil se tornou um pária mundial em questões ambientais.

“Bolsonaro representa um período sem lei para a Amazônia. Só nos dois primeiros anos, a emissão saltou desta maneira. E quanto nós perdemos de chuva? De quanto foi o aumento da temperatura? O quanto isso acelerou as mudanças climáticas? E os eventos extremos?”, comenta Luciana Gatti ao DW, apontando outros efeitos negativos que devem ser investigados pela ciência.

 

ClimaInfo, 24 de agosto de 2023.

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