Lula homenageia Bernadete Pacífico e critica intolerância e ataques a quilombolas

Bernardete Pacífico homenagem Lula
Ricardo Stuckert / PR

Em Angola, o presidente Lula lamentou o assassinato na Bahia da líder quilombola Bernadete Pacífico, “vítima da intolerância dos que querem calar os mais vulneráveis”.

O brutal assassinato da líder quilombola Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete, foi lembrado pelo presidente Lula durante discurso à Assembleia Nacional de Angola. O chefe do Executivo lembrou a coragem de Mãe Bernadete na defesa dos Direitos dos Quilombolas e das Comunidades Tradicionais no Brasil e condenou o crime.

“A luta pela liberdade e Direitos Humanos no Brasil tem como seus marcos mais importantes a luta contra a escravidão. Essa chaga em nossa história vitimou milhões de africanos e deixou no país um nefasto legado de desigualdade social e de preconceito”, disse Lula, citado pela Agência Brasil, Correio Braziliense, g1, O Globo e UOL, entre outros veículos.

Enquanto isso, familiares de Mãe Bernadete seguem convivendo com ameaças de mortes e temor de novos ataques. Em depoimento a Lara Machado na revista piauí, o filho da líder quilombola, Jurandir, detalhou a situação e destacou a falta de resposta do poder público na proteção à mãe dele, mesmo depois do assassinato do irmão, Fábio Gabriel, em 2017.

“Nós vivemos uma ausência do Estado. Você já viu preto quilombola ter moral? Minha mãe estava no serviço de proteção à testemunha, mas não tinha segurança quase nenhuma. A única coisa que tinha eram câmeras em casa. (…) Mas agora [as autoridades] vão ter que investigar o assassinato da minha mãe, porque a comunidade, o povo brasileiro quer uma resposta. Dois líderes comunitários, filho e mãe, foram assassinados com a mesma crueldade, com o mesmo modus operandi”, disse.

A insegurança vivida por Mãe Bernadete não é exceção, mas regra entre as lideranças quilombolas. A procuradora regional da República Lívia Tinôco, representante do Ministério Público Federal no Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, afirmou à Agência Brasil que as violações aos Direitos Humanos são recorrentes em quilombos de todo o país. “A violação dos Direitos dos Povos Quilombolas não é uma violação pontual, ela é sistemática”.

 

ClimaInfo, 28 de agosto de 2023.

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