Evento que pode ter contribuído para o blecaute de 15 de agosto tem a ver com informações erradas e não com as fontes renováveis.
A partir de informações operacionais recebidas de geradores após o apagão de 15 de agosto, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) pôde reproduzir, no ambiente de simulação, o blecaute que afetou 25 estados e o Distrito Federal naquele dia. E o que o órgão observou é que o desempenho dos equipamentos informado pelos agentes antes do blecaute – e que baseia a operação do sistema elétrico brasileiro – era diferente do apresentado no dia do desligamento.
O ONS destacou que “o problema identificado não tem relação direta com o tipo de fonte geradora”. Portanto, não procede a acusação dos lobistas da geração por combustíveis fósseis, que rapidamente e sem qualquer dado técnico em mãos saíram em campo para culpar a intermitência das fontes eólica e solar pelo blecaute.
Assim, o primeiro informe sobre as apurações do apagão de 15 de agosto aponta que geradores enviaram informações incorretas sobre seus equipamentos para o operador. E essa imprecisão teria comprometido o planejamento e a operação do sistema, que é feito diariamente com base nesses dados, explica a Folha.
O desempenho operacional abaixo do esperado de parques geradores localizados próximos à linha de transmissão Quixadá II-Fortaleza II, no Ceará – cujo desligamento é apontado como o “marco zero” do apagão – teria sido o segundo evento que provocou o blecaute, informa o Valor. É o que aponta a linha de investigação mais consistente conduzida pelo órgão.
Segundo a CNN, o ONS ressaltou ser “imprescindível” que os dados encaminhados pelos geradores ao operador reproduzam fielmente o que acontece na realidade, já que isso possibilita tomar as medidas necessárias preventivamente. E acrescentou ainda que permanece aprofundando as análises, “dada a complexidade do evento”.
epbr, Estadão, Carta Capital e Agência Brasil noticiaram a análise do ONS.
Em tempo 1: Para a ira dos defensores dos combustíveis fósseis, a expansão da geração elétrica no Brasil seguirá sendo puxada pelas usinas eólica e solar nos próximos anos. Dados de julho indicam que as duas fontes representam 93% dos 129,5 gigawatts de acréscimo na capacidade de geração do país com entrada em operação programada entre 2023 e 2029. Estes empreendimentos somam investimentos de R$ 424 bilhões, destaca o Valor.
Em tempo 2: Com a forte entrada das fontes eólica e solar na geração elétrica no país, especialistas sugerem estratégias para dar mais garantia e segurança ao sistema. Pelo lado da operação, o ONS diz que investe na qualificação do corpo técnico e na atualização de equipamentos e softwares para lidar com a nova realidade do setor, informa o Valor. Outras soluções possíveis são o uso de baterias para estabilizar o fluxo de entrega da energia eólica e solar e o início de testes com equipamentos chamados de “compensadores síncronos” e “statcom”, também para conter a intermitência das fontes.
ClimaInfo, 29 de agosto de 2023.
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