Exxon projeta aquecimento acima de 2ºC até 2050, com petróleo atendendo mais de 50% da demanda por energia
Petroleira apresenta perspectiva “realista” para mercado global de energia nas últimas décadas, com transição verde em ritmo muito aquém do necessário para evitar aquecimento perigoso.
O mundo não será capaz de conter a elevação da temperatura média da Terra em 2ºC neste século, com um risco significativo de que essa meta seja batida já em 2050 e que o aquecimento dobre até o final do século. Essa é a conclusão da ExxonMobil em sua nova análise sobre o mercado global de energia, apresentada nesta 2ª feira (28/8).
De acordo com a petroleira, mesmo com a adoção de fontes renováveis de energia, os combustíveis fósseis seguirão dominando o mercado de energia, atendendo a mais da metade (54%) da demanda global em 2050. A persistência do consumo de energia fóssil resultará em emissões de gases de efeito estufa muito acima do volume recomendado pela ciência para a humanidade evitar mudanças climáticas ainda mais perigosas.
As emissões projetadas para 2050 relacionadas ao setor de energia serão de 25 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono, mais do dobro dos 11 bilhões estimados como limite para que o mundo consiga restringir o aquecimento em 2ºC neste século.
Ainda assim, de acordo com a petroleira, o resultado esperado para meados do século ainda será positivo em termos de intensidade do carbono. Isso porque o pico previsto de emissões de carbono do setor de energia para o final desta década é de 34 bilhões de toneladas métricas, patamar que passará a cair nas décadas subsequentes. Ao mesmo tempo, a análise estima que a população global crescerá em 2 bilhões de pessoas até 2050, com aumento subsequente da demanda por energia.
“A capacidade do mundo de reduzir suas emissões em 25%, mesmo quando a economia global cresce mais de 100%, é uma prova do progresso significativo que se espera que seja feito. Mesmo assim, é necessário mais para atingir os níveis de redução de emissões necessários para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC”, diz a análise.
Como bem pontuou a Bloomberg, a ExxonMobil tem um histórico de precisão em suas análises climáticas no passado – que, aliás, ficaram escondidas na gaveta por décadas para não atrapalhar os negócios da empresa. Ao mesmo tempo, a análise da petroleira não é neutra, pelo contrário: ela é uma das maiores interessadas em manter as coisas como estão o máximo de tempo possível, atrasando a tão necessária transição para fontes renováveis de energia.
A Reuters também abordou os principais pontos da análise da ExxonMobil.
ClimaInfo, 29 de agosto de 2023.
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