Na surdina, Shell encerra seu projeto de compensação de emissões e redução de pegada de carbono

4 de setembro de 2023
Shell compensação de emissões
Marten van Dijl / Greenpeace

Empresa abandonou as metas do seu programa de compensação de emissões, e também de captar 120 milhões de créditos de carbono por ano até 2030.

Seis meses após se tornar CEO da Shell, Wael Sawan encerrou silenciosamente o maior plano empresarial do mundo de offsets de emissões, as compensações de carbono. A petroleira confirmou que as metas do programa foram retiradas de sua estratégia, juntamente com o objetivo de captar 120 milhões de créditos de carbono anualmente até o final desta década – cerca de 10% de suas emissões. Até o momento a petroleira não divulgou quaisquer novas metas ou estratégias para cumprir seus compromissos climáticos.

Em junho, num evento para investidores, Sawan apresentou uma estratégia atualizada para a Shell que incluía a redução de custos e mais investimentos em petróleo e gás fóssil – quando, “gentilmente”, foi “mandada para o inferno” por acionistas e ambientalistas. Ficou fora qualquer menção ao compromisso anterior da petroleira que previa investir até US$ 100 milhões anuais para construir um fluxo de créditos de carbono, parte da promessa de zerar suas emissões até 2050, destaca a Bloomberg, em matéria repercutida pelo Um Só Planeta.

O “sumiço” reflete o compromisso de Sawan com o negócio dos combustíveis fósseis e a “admissão de que os objetivos anteriores eram simplesmente inatingíveis”. Nos últimos dois anos, a Shell gastou US$ 95 milhões – menos de metade do seu orçamento inicial – para construir ou investir numa carteira de projetos de carbono que geraram pouca ou nenhuma compensação.

Flora Ji, diretora de operações de Soluções Baseadas na Natureza da Shell, disse que o mercado de carbono não se expandiu com rapidez e qualidade suficientes para satisfazer a procura da empresa.

O mercado voluntário de carbono, hoje movimentando cerca de US$ 2 bilhões ao ano, poderá atingir US$ 950 bilhões até 2037, segundo a Bloomberg New Energy Finance. No entanto, há muitas críticas quanto à qualidade desses créditos.

Como mostra a Reuters, os mercados voluntários de carbono encolheram pela primeira vez em pelo menos sete anos. Isso se deu à medida que empresas como a gigante alimentícia Nestlé e a grife Gucci reduziram suas compras e estudos descobriram que vários projetos de proteção florestal não proporcionaram as prometidas economias de emissões.

Em tempo: Um ex-executivo da Shell e da aérea KLM foi indicado pela Comissão Europeia para ser o principal diplomata climático da União Europeia. Trata-se do ministro de Negócios Estrangeiros da Holanda, Wopke Hoekstra, que deve substituir Frans Timmermans, informam Climate Change News, EU Observer e Euronews. Hoekstra deve liderar o trabalho de financiamento climático e a diplomacia climática da UE na preparação para a COP28. Contudo, mesmo com aprovação da Comissão Europeia, Hoekstra ainda tem de conquistar a comissão ambiental do Parlamento Europeu, o que não será simples. Membros da esquerda argumentam que o holandês de centro-direita não tem um histórico climático suficientemente bom. Analistas e ativistas ambientais expressam preocupação similar, argumentando que Hoekstra não manifestou interesse nas mudanças climáticas e que o seu conservadorismo fiscal linha-dura provavelmente irá obstruir o financiamento climático aos países em desenvolvimento.

 

ClimaInfo, 4 de setembro de 2023.

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