Elevação dos oceanos agravada pela crise climática piorou substancialmente a tempestade devastadora que o furacão Idalia lançou na costa norte da Flórida na 4ª feira.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia dito o que parece óbvio, mas muitos ainda insistem em não ver: a passagem do furacão Idalia pela Flórida e estados vizinhos mostrou que crise climática é inegável, destaca a Reuters. Para evidenciar ainda mais a gravidade da situação, sobretudo para populações que vivem em áreas costeiras, especialistas e dados analisados pelo Washington Post mostram que a elevação dos oceanos piorou muito a tempestade devastadora que Idalia lançou na região na 4ª feira (30/8).
Um aumento incomum e dramático no nível do mar no Golfo do México a partir de 2010 pode ter acrescentado quase 12 centímetros à altura das águas que atingiram o litoral da Flórida com a passagem do furacão. Eles se somaram ao aumento mais gradual do nível do mar entre 1939 e 2010, de cerca de 10 centímetros. Em muitos locais, este aumento global, de cerca de 23 centímetros no nível do mar, pode ter feito a diferença entre inundar e permanecer seco, dizem os cientistas.
“Nesta região, na Costa Leste do Golfo, o aumento do nível do mar tem sido mais rápido desde 2009 e 2010. Portanto, com este aumento mais rápido do nível do mar, a onda de tempestade pode ficar cada vez mais alta”, explicou Jianjun Yin, cientista climático da Universidade do Arizona que publicou um estudo no Journal of Climate este ano sobre esta recente aceleração e como isso afetou os furacões.
Idalia causou ventos fortes e levou o mar quilômetros terra adentro, destaca a Reuters, e ainda derrubou árvores e linhas de energia e deixou detritos. Muitos edifícios estavam em ruínas e duas pessoas foram presas, por supostamente roubar casas abandonadas, informa a AP. A tempestade foi classificada como o furacão mais poderoso em mais de um século a atingir a região de Big Bend, no norte da Flórida, uma área escassamente povoada e repleta de pântanos, rios e nascentes.
No sábado (2/9), outra tempestade tropical se formou no Atlântico, a caminho do território estadunidense: Katia. Num comunicado divulgado na manhã de domingo, o Centro Nacional de Furacões estimou que Katia tinha ventos sustentados de quase 65 km/h, com rajadas mais fortes, informa o New York Times. Apesar disso, a previsão é que a tempestade enfraqueça nesta 2ª feira.
Tem sido uma época movimentada no Atlântico. Katia juntou-se a vários outros sistemas: os restos do furacão Idalia ; furacão Franklin, que se tornou um ciclone extratropical na 6ª feira (1/9); a tempestade tropical José, que foi absorvida por Franklin; e Gert, que deverá ser absorvida por Idalia.
Em tempo: O supertufão Saola atingiu a província de Guangdong, no sul da China, na manhã de sábado (2/9), enquanto ventos violentos assolavam as proximidades de Shenzhen, Hong Kong e Macau, deixando pelo menos um morto e um rastro de destruição e inundações em muitas áreas, informa a Reuters. Centenas de voos foram cancelados e empresas foram fechadas em Hong Kong e Guangdong já na 6ª feira, à medida que Saola se aproximava. Com ventos de mais de 200 km/h, Saola foi uma das tempestades mais fortes a ameaçar a província do sul desde 1949, mas perdeu a força ao atingir a cidade de Zhuhai, com ventos desacelerando a cerca de 160 km/h. AP, Reuters, Bloomberg e New York Times também noticiaram a chegada de Saola ao sul da China e a Hong Kong.
ClimaInfo, 4 de setembro de 2023.
Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.