Brasil perdeu mais de duas Alemanhas em vegetação nativa desde 1985, mostra MapBiomas

MapBiomas Uso da Terra desmatamento
MapBiomas Cobertura e Uso da Terra 1985-2022

Entre 1985 e 2022, Brasil perdeu 96 milhões de hectares (ha) de vegetação nativa, puxada principalmente pelo avanço do agronegócio, mostrou novo levantamento do MapBiomas.

A perda de vegetação nativa se intensificou na última década, entre 2013 e 2022, o que coincide com a vigência do novo Código Florestal Brasileiro. De acordo com o MapBiomas, no período quinquenal anterior à aprovação da lei, houve uma perda de 5,8 milhões de ha; nos cinco anos seguintes, esse número aumentou para 8 milhões de ha. Somente nos últimos cinco anos, ele alcançou 12,8 milhões de ha, um crescimento de 120% em relação a 2008-2012.

Considerando os dados desde 1985, as perdas de vegetação nativa no Brasil são significativas. Os 96 milhões de ha perdidos nesse período correspondem a duas vezes e meia o território da Alemanha. A proporção de vegetação nativa no Brasil caiu de 75% para 64% nesse período.

O salto da área ocupada pelo agronegócio em quase todos os biomas do Brasil também é significativo. Na Amazônia, essa área foi de 3% para 16% entre 1985 e 2022; no Cerrado, de 34% para 50%; no Pantanal, de 5% para 15%; no Pampa, de 29% para 44%; e na Caatinga, de 33% para 40%. A exceção é a Mata Atlântica, o bioma mais desmatado do país, onde mais de 65% do território ocupado pelo agro se manteve estável no período. Em todo o Brasil, a área ocupada por atividades agropecuárias passou de 22% para 33%.

“Desde [a aprovação do Código Florestal], a perda [de vegetação nativa] se acelerou ainda mais, com aumento do desmatamento. Estamos nos distanciando, em vez de nos aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira previsto no Código Florestal e do compromisso de zerar o desmatamento até o final desta década”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.

A divulgação da nova coleção de dados do MapBiomas sobre a mudança no uso da terra no Brasil teve ampla repercussão na imprensa, com manchetes na CartaCapital, Ecodebate, Folha, Jornal Hoje (TV Globo), Pará Terra Boa, Projeto Colabora, UOL e Valor.

 

ClimaInfo, 1º de setembro de 2023.

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