“Vá pro inferno, Shell!”: petroleira é atacada por acionistas e ambientalistas por seu plano de transição energética

Go to Hell Shell
reprodução vídeo Reuters

A paciência dos ambientalistas com as petroleiras já acabou há muito tempo, mas cada vez mais seus acionistas também se mostram bastante insatisfeitos com o greenwashing nas metas de descarbonização. Pelo segundo ano consecutivo, a Shell sofreu uma revolta de detentores de ações contra sua estratégia de transição energética. Em sua assembleia anual, em Londres, na terça (23/5), a companhia foi recebida com a canção “Go to hell, Shell”, adaptação de “Hit the road, Jack”, de Ray Charles.

De acordo com o Financial Times, vinte por cento dos acionistas da Shell votaram contra a estratégia de transição da petroleira e seu progresso nos últimos 12 meses – proporção similar à do ano passado –, depois que a assembleia anual foi aberta, sob uma chuva de protestos. A cada manifestante que era retirado do local da assembleia, outro se levantava. E assim as manifestações duraram mais de uma hora.

Uma resolução de acionistas apresentada pelo grupo ativista Follow This, pedindo à Shell que estabeleça metas mais ambiciosas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, ganhou o apoio de um quinto dos eleitores, proporção similar à obtida por proposta semelhante no ano passado. A resolução ecoa uma decisão judicial holandesa exigindo que a Shell aumente suas metas climáticas, e da qual a companhia recorre, de acordo com a Reuters.

Wael Sawan, em sua primeira reunião anual como CEO da Shell, e Andrew Mackenzie, presidente do conselho da petroleira e ex-presidente-executivo da mineradora BHP, defenderam a Shell repetidamente contra acusações de que a companhia não estava mudando de combustíveis fósseis para energia renovável com rapidez suficiente. Mas suas falas não convenceram a todos.

O novo CEO enfrentou uma sucessão de perguntas hostis dos acionistas, que desafiaram a empresa sobre o ritmo planejado para reduzir suas emissões. Um desses questionamentos foi feito pelo Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra, que se mostrou desapontado.

O conselho disse que havia apoiado a Shell quando ela foi a “pioneira no setor de petróleo e gás natural, em 2021, ao lançar uma estratégia de transição energética que incluía o compromisso de reduzir as emissões”. “Hoje, lamento dizer que vemos um caminho diferente sendo tomado”, disse Laura Hillis, diretora de investimento responsável do fundo, apontando para comentários de Sawan de que a empresa pode considerar investir na produção de petróleo e gás natural por mais tempo.

Os protestos climáticos se tornaram uma característica regular das reuniões anuais de companhias de capital aberto nos últimos anos. As campanhas são focadas principalmente em bancos como HSBC e Barclays, que emprestam para projetos de combustíveis fósseis, bem como empresas de petróleo, incluindo a BP, explica o Guardian.

Os protestos de acionistas e ativistas contra a Shell foram noticiados também por CNN, Guardian, Bloomberg, Euronews, France24, Telegraph, Reuters, Upstream, CNBC, BBC e Sky News.

ClimaInfo, 25 de maio de 2023.

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