Autoridades alemãs acusam grupo de ativistas climáticos de “atividade criminosa”

Alemanha ativismo climático
Sean Gallup/Getty

A polícia da Alemanha realizou nesta 4ª feira (24/5) uma polêmica operação em todo o país contra o grupo de ativistas climáticos “Last Generation”. De acordo com as autoridades alemãs, a organização seria suspeita de “formar ou apoiar uma organização criminosa”.

O Last Generation chamou a atenção no ano passado depois de realizar uma série de intervenções provocativas em museus e, mais recentemente, obstruindo ruas e rodovias na Alemanha para protestar contra a inação do governo alemão à crise climática.

As buscas de ontem foram realizadas a pedido de promotores de Munique, na Bavária, e miraram sete pessoas, com idades entre 22 e 38 anos. O processo teria começado no ano passado depois que manifestantes interditaram uma refinaria de petróleo no leste da Alemanha. Outra ação sob investigação seria uma tentativa de sabotagem a um oleoduto em Ingolstadt em abril de 2022.

Para organizações ambientalistas alemãs, a ação da polícia contra o Last Generation é uma tentativa de criminalizar o ativismo climático. “Responder à incômoda, mas pacífica desobediência civil com buscas domiciliares é totalmente desproporcional”, criticou Martin Kaiser, diretor do escritório do Greenpeace na Alemanha. “A reação excessiva do Ministério Público de Munique é um novo nível de escalada. Isso mina o direito democrático fundamental ao protesto pacífico e obviamente distrai da tarefa real e urgente de fazer progressos rápidos o suficiente na proteção do clima”.  

Um porta-voz do Last Generation afirmou à Associated Press que a ação das autoridades alemãs despertam temor, mas que os protestos contra a inação climática seguirão acontecendo. “O governo alemão agora está sabida e claramente nos levando para o inferno climático. Devemos continuar resistindo agora, porque precisamos exigir em voz alta que as vidas sejam protegidas”, disse.

AFP, BBC, Bloomberg, CNN, Deutsche Welle, Euronews, Guardian, POLITICO e Washington Post, entre outros, também repercutiram a notícia.

Em tempo: Ainda sobre a Alemanha, a base parlamentar do chanceler Olaf Scholz rachou por conta de desavenças em torno de alguns projetos na área de energia e eficiência energética. Um dos pontos de tensão é uma proposta para eliminar gradualmente os sistemas de aquecimento a gás ou óleo nos edifícios do país. O projeto, defendido pelo Partido Verde, foi barrado pelos aliados do Partido Democrático Liberal, o que resultou em uma crise política em Berlim. Financial Times e POLITICO deram mais informações.

ClimaInfo, 25 de maio de 2023.

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