Equipes de busca vasculham ruas, edifícios destruídos e até o mar em busca de corpos em Derna, onde a tempestade Daniel já matou 5.100 pessoas.
“Os corpos estão por todo o lado, dentro das casas, nas ruas, no mar. Onde quer que você vá, você encontra homens, mulheres e crianças mortos. Famílias inteiras foram perdidas.”
O depoimento do trabalhador humanitário Emad al-Falah, que integra as equipes de busca, mostra o caos em Derna, cidade da Líbia na costa do Mediterrâneio, após a tempestade Daniel provocar inundações e o rompimento de duas barragens que devastaram a região. Segundo a AP, até a manhã de 4ª feira (13/9) já havia pelo menos 5.100 mortos contabilizados.
Autoridades estimaram que há 10.000 desaparecidos. Os números, porém, são conflitantes. A agência de ajuda da ONU (OCHA) disse que o número era de pelo menos 5.000, relata a Reuters.
A tempestade é o mais recente evento climático extremo a carregar marcas das alterações climáticas, dizem os cientistas. Daniel – apelidado de “Medicane” por suas características semelhantes às de um furacão – extraiu enorme energia da água do mar extremamente quente. E uma atmosfera mais quente retém mais vapor de água, que pode cair como chuva, disseram especialistas ouvidos pela AP.
E um dos maiores desafios para a ajuda humanitária e a recuperação da Líbia é sua divisão política. As administrações rivais no oeste e no leste fazem o país, um grande produtor mundial de petróleo, sofrer com escassez de investimentos em infraestrutura e serviços sociais, explica a Bloomberg.
“Quando a crise climática se depara com um Estado falido, o resultado é o tipo de desastre que a Líbia vive em Derna. Qualquer cidade teria enfrentado o nível extraordinário de precipitação da tempestade Daniel na costa norte da Líbia. Na sua forma anterior e mais branda, Daniel causou graves danos na Grécia antes de cruzar o Mediterrâneo. No entanto, a extensão da devastação – um quarto de uma cidade foi arrastado para o mar, o que está sendo descrito como ‘o 11 de Setembro na Líbia’ – é também em função da crise política no país”, resume Patrick Wintour, editor do Guardian.
Al Jazeera, CNN, BBC, Guardian, Euronews, New York Times e Wall Street Journal repercutiram o horror na Líbia provocado pela tempestade Daniel.
ClimaInfo, 14 de setembro de 2023.
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