Brasil tem 15% mais bois que pessoas, e rebanhos crescem rapidamente

Mais bois que gente
Xuan Duong / Pixabay

São mais de 234,4 milhões de cabeças de gado no país, o maior contingente da série histórica, iniciada em 1974, ante 203 milhões de habitantes.

O gado de quatro patas vem aumentando a passos largos no Brasil. O rebanho bovino cresceu mais uma vez em 2022 e alcançou novo recorde, aponta pesquisa divulgada na 5ª feira (21/9) pelo IBGE. No período, o número de cabeças de gado chegou a 234,4 milhões – uma alta de 4,3%, ou 9,8 milhões a mais, em relação ao efetivo de 2021, que foi de 224,6 milhões.

O novo resultado é o maior já registrado na Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), cuja série histórica reúne estatísticas desde 1974, destaca a Folha. Naquela época, o efetivo estava em 92,5 milhões. A data de referência do levantamento é o dia 31 de dezembro de cada ano.

Na comparação com o Censo Demográfico 2022, também produzido pelo IBGE, a nova edição da PPM sinaliza que o rebanho bovino foi 15,4% maior do que o número de habitantes no país. O Censo contabilizou 203,1 milhões de pessoas vivendo no Brasil até 31 de julho de 2022, data de referência da contagem populacional. São 31,3 milhões de bois a mais do que habitantes.

O novo crescimento do rebanho, diz o instituto, está associado ao ciclo da pecuária. Nos últimos anos, houve incentivo à atividade com a elevação dos preços pagos pelos bezerros.

A pesquisa também aponta recordes em outras culturas, informa O Globo. A produção de ovos de galinha subiu 1,3% no ano passado em relação a 2021, e chegou a 4,9 bilhões de dúzias. O rebanho de suínos cresceu 4,3% no mesmo período e alcançou mais de 44,4 milhões de animais. E a produção de peixes chegou ao maior nível da série, com 617,3 mil toneladas e R$ 5,7 bilhões em valor de produção.

O Nexo destaca que o rebanho bovino recorde e a trajetória de crescimento da atividade tem efeitos positivos para a população, que tem tido mais acesso à carne, após anos de aumentos sucessivos nos preços dos alimentos. Mas há também os efeitos colaterais ao meio ambiente, já que a pecuária é de longe a atividade econômica que mais promove o desmatamento na Amazônia e no Cerrado. Fora o fato do país ainda ter milhões de pessoas em insegurança alimentar, mesmo tendo mais de um boi para cada habitante.

Correio Braziliense, Band, Canal Rural, Infomoney, Rede Brasil Atual e Canal Tech também noticiaram o gado recorde no país.

Em tempo: Qual preço de carbono faria com que o governo e produtores rurais trocassem a pecuária extensiva pela restauração florestal em larga escala na Amazônia? A partir dessa pergunta, Juliano Assunção, diretor executivo do Climate Policy Initiative (CPI-PUC Rio) e José Alexandre Sheinkman, da Universidade de Columbia, elaboraram o estudo “Carbono e o Destino da Amazônia”, do CPI/PUC-Rio e do projeto Amazônia 2030, no qual mostram que seriam necessários US$ 20 por tonelada de CO2 capturado pela Amazônia para mudar o destino da floresta, destaca Daniela Chiaretti no Valor. A pesquisa buscou uma abordagem que considerasse os incentivos para o desmatamento, a aptidão agropecuária e a capacidade de regeneração da floresta. “O valor de US$ 20 por tonelada de CO2 estabelece uma base mínima para negociação internacional. Muda-se o destino da floresta e o Brasil ganha”, diz Assunção, que também é coordenador do Amazônia 2030. “A vocação da Amazônia deixa de ser a pecuária e passa a ser o restauro.”

 

ClimaInfo, 25 de setembro de 2023.

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