Aviação com combustível “verde”: possibilidade ou miragem?

aviação greenwashing
Divulgação Airbus SAS 2022

A aviação civil foi uma das primeiras indústrias a vender uma imagem “verde”, mas limites tecnológicos a colocam no final da fila da transição energética. 

Um dos quebra-cabeças mais complexos da transição energética para fontes renováveis está na indústria da aviação civil. O uso de baterias elétricas, chave para “limpar” o consumo energético da frota automotiva, é bastante limitado para a realidade de um voo comercial. A esperança é que avanços no desenvolvimento do hidrogênio verde possam viabilizar um novo combustível para o setor.

Mas, por ora, não passa disso – esperança. A despeito do otimismo vendido pelas montadoras aéreas e pelas companhias comerciais, voar seguirá sendo uma ação com grande impacto climático nos próximos anos (ou mesmo décadas).

O problema é que a indústria ainda não reconheceu essa limitação. Pior: segue vendendo paliativos como compensação de carbono por voo aos consumidores como uma maneira de diminuir seu impacto climático, um esquema que vem sendo cada vez mais questionado.

“Quanto mais cedo as empresas, os governos e os passageiros reconhecerem esse fato, mais cedo poderemos começar a trabalhar nas mudanças desesperadamente necessárias para reduzir o impacto climático dos voos”, escreveu David Fickling na Bloomberg.

Os consumidores estão mais cientes disso. Como a Reuters assinalou, as companhias aéreas enfrentam uma avalanche de processos judiciais que questionam seus argumentos de “sustentabilidade”, acusando-as de greenwashing.

A ofensiva contra os impactos climáticos da aviação civil também passa pelas operações dos aeroportos. Medidas recentes como a do governo dos Países Baixos, que restringiu o funcionamento do aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, começam a dificultar a vida das companhias aéreas. Para grupos ambientalistas, esse movimento não é pontual e o recado que eles passam para a indústria é claro: acabou a era do crescimento desenfreado.

“A indústria da aviação precisa enfrentar esta nova realidade. Para evitar o colapso climático, é urgentemente necessário diminuir o crescimento da aviação. Não há outra maneira de reduzir as emissões de CO2 dos voos, em linha com o limite de 1,5ºC para o aquecimento global”, explicou Maarten de Zeeuw, do Greenpeace holandês, à Euronews.

 

ClimaInfo, 25 de setembro de 2023.

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