Investimento anual em renováveis precisa mais que dobrar para limitar aquecimento a 1,5ºC, diz IEA

renováveis meta um grau e meio
Andreas Gücklhorn / Unsplash

Alcançar o net zero em carbono até 2050 ainda é possível, mas exige triplicar a energia renovável até o final da década, aponta a IEA.

As perspectivas do planeta permanecer dentro do limite de 1,5ºC no aquecimento global melhoraram devido ao crescimento “impressionante” das fontes renováveis ​​e do investimento verde nos últimos dois anos, disse Fatih Birol, diretor executivo da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês). Entretanto, para que esse teto não seja superado, é necessário mais que duplicar os investimentos anuais em energia limpa até 2030, de US$ 1,8 trilhão previstos em 2023 para US$ 4,5 trilhões.

Essa é uma das conclusões da atualização do relatório Net Zero Roadmap, divulgada pela IEA na 3ª feira (26/9). O documento ainda indica que zerar a emissão líquida de carbono até 2050 ainda é possível, mas que isso exige triplicar a capacidade instalada de energia renovável até o final desta década, como destaca a Bloomberg.

A avaliação da agência é lançada num momento em que as emissões globais de gases de efeito de estufa atingiram um novo recorde em 2022, o uso de combustíveis fósseis aumentou e o mundo viveu os meses mais quentes já registrados. No entanto, a IEA afirma que acelerar a implantação de energias limpas ​​tornaria possível virar o jogo.

Birol quer que a COP28 chegue a um acordo sobre triplicar as energias renováveis​ e um corte de 75% no metano do setor energético até 2030, informa o Guardian. Mas o chefe da IEA para a situação geopolítica e das relações ainda geladas entre os EUA e a China, que tornam difícil tal acordo.

“O desafio mais importante (para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC) é a falta de cooperação internacional. A COP28 é um momento crítico e deverá enviar um forte sinal aos mercados energéticos de que os governos estão levando o clima a sério. Eles deveriam agir para reduzir o consumo inabalável de combustíveis fósseis”, disse Birol.

Na avaliação de Dean Cooper, líder global de Energia da WWF , o relatório da IEA “sublinha a dura verdade” que os governos e outras partes interessadas devem reconhecer: “Devemos tomar medidas drásticas agora. Não podemos desenvolver novos recursos de petróleo e gás fóssil, projetos que causarão danos duradouros ao nosso clima e não são necessários, assim como não são necessárias novas minas de carvão, extensões de minas ou novas centrais de carvão ininterruptas.”

Reuters, New York Times, Al Jazeera, Financial Times, DW, Axios, Oilprice.com e Business Green também repercutiram o relatório da IEA.

Em tempo: O ex-primeiro ministro do Reino Unido, Gordon Brown, deu uma solução tão simples quanto de difícil implantação para obter os recursos que o mundo precisa para combater a crise climática e ampliar a capacidade de energia renovável: taxar os fantásticos lucros das petroleiras e os ganhos dos países com maior produção de combustíveis fósseis, já que são eles os principais responsáveis pelo cenário atual. Em artigo no Guardian, Brown sugere a criação de uma cobrança de US$ 25 bilhões anuais sobre os lucros do petróleo e do gás, a ser paga pelos petroestados mais ricos. Isso “representaria menos de 1% das receitas globais do petróleo e do gás e apenas 3% das receitas de exportação destes grandes produtores. Cada um dos petroestados mais ricos pode facilmente pagar”, explicou.

 

ClimaInfo, 27 de setembro de 2023.

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