O documento sintetiza os resultados do Global Stocktake e apresenta alternativas de ação para os governos ampliarem seus compromissos climáticos sob o Acordo de Paris.
O Secretariado da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC) divulgou na última 4ª feira (4/10) o relatório de síntese sobre os resultados do Global Stocktake, o balanço da implementação dos compromissos climáticos atuais dos países sob o Acordo de Paris. O documento visa facilitar as discussões na próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), no final do ano em Dubai (Emirados Árabes), para elevar a ambição climática global.
Segundo o secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, o relatório de síntese reflete os pontos de vista dos diferentes governos e se baseia em propostas apresentadas por 180 países-membros da Convenção, além de 44 organizações observadoras que participaram do Global Stocktake.
“Este relatório coloca as cartas na mesa, mas isso não é um jogo. Sabemos que nós, como comunidade global, não estamos no caminho certo para alcançar os objetivos de longo prazo do Acordo de Paris e que há uma janela de oportunidade que se fecha rapidamente para garantir um futuro habitável e sustentável”, disse Stiell.
O documento de 65 páginas contém diversas opções de ação mais ambiciosa que os compromissos atuais, como o fim da exploração de combustíveis fósseis até 2030, a eliminação progressiva dessa energia até 2040 e a disponibilização de até 400 bilhões de dólares por ano para financiar o fundo de compensação de perdas e danos para os países mais pobres e vulneráveis.
Mesmo com a amplitude das propostas apresentadas, certamente a substância delas será ponto de polêmica na COP28. A despeito do consenso de que as metas e ações atuais são insuficientes para limitar o aquecimento do planeta em 1,5oC até o final do século em relação aos níveis pré-industriais, o ritmo e a profundidade das mudanças necessárias alimentam divergências que estão paralisando o processo de negociação.
Um exemplo é a questão do fim do consumo de combustíveis fósseis, um item que deve fazer parte da agenda de negociação em Dubai. O Financial Times informou que o governo da Rússia já avisou que bloqueará qualquer proposta no sentido de restringir a queima de energia suja nas próximas décadas. Apesar das sanções internacionais decorrentes da invasão à Ucrânia, a Rússia segue sendo o terceiro maior produtor de petróleo bruto do mundo.
Climate Home e Guardian destacaram os principais pontos do relatório de síntese sobre o Global Stocktake e os desafios que os países enfrentarão nas negociações da COP28 para elevar a ambição dos compromissos climáticos.
ClimaInfo, 6 de outubro de 2023.
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