As 131 empresas pedem energia 100% descarbonizada até 2035 nos países ricos e ajuda financeira para países em desenvolvimento abandonarem os combustíveis fósseis até 2040.
Será que a pressão de uma parte significativa do PIB global vai fazer governos se movimentarem e definirem quando, afinal, os países vão abandonar os combustíveis fósseis, como o planeta precisa para ontem? É o que pedem empresas de diferentes setores, como Nestlé, Unilever, Grupo Mahindra e Volvo. Elas querem que os líderes cheguem a um cronograma para o phase-out na COP28, que começa no fim de novembro, em Dubai.
Um grupo de 131 companhias, que somam quase US$ 1 trilhão em receitas, divulgaram na 2ª feira (23/10) um documento no qual pedem que os participantes da conferência climática estabeleçam a descarbonização total do setor de energia nos países desenvolvidos até 2035, informa a Reuters. Além disso, defendem ajuda financeira para que os países em desenvolvimento abandonem em definitivo os combustíveis fósseis até 2040, no máximo.
Na carta, as empresas pedem a todas as partes na COP28 que estabeleçam as bases para transformar o sistema energético global em direção a uma eliminação completa dos combustíveis fósseis inabalável e para triplicar a capacidade global de energia renovável, informa a epbsr.
“As nossas empresas estão sentindo os impactos e os custos do aumento dos eventos climáticos extremos resultantes das alterações climáticas. Para descarbonizar o sistema energético global, precisamos aumentar a energia limpa tão rapidamente quanto eliminamos gradualmente a utilização e produção de combustíveis fósseis”, escreveram as empresas na carta, que foi coordenada pela organização We Mean Business Coalition, que pressiona por uma maior ação climática a nível global.
A velocidade com a qual os países deverão eliminar gradualmente os combustíveis fósseis será uma das questões mais espinhosas do encontro em Dubai. Os apelos para parar de queimá-los irão esbarrar nos argumentos dos maiores produtores de combustíveis fósseis do mundo, dos consumidores e dos países mais pobres, que dizem que não podem reduzir as emissões de CO2 com rapidez suficiente sem apoio financeiro maior das nações ricas.
Enquanto isso, os subsídios globais aos combustíveis fósseis não param de crescer. Como lembra a Bloomberg Línea, no ano passado eles bateram novo recorde e atingiram US$ 7 trilhões – cerca de 7% do PIB global.
Os subsídios explícitos mais do que dobraram em relação à avaliação anterior, feita em 2020, chegando a US$ 1 trilhão, graças, em parte, aos esforços para amenizar os preços mais altos da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Os subsídios implícitos, que são cerca de 80% do total, também aumentaram. E ao contrário dos explícitos, devem aumentar ainda mais, tanto em dólares quanto em participação na produção global até o fim da década.
No Brasil, a manutenção dos subsídios aos combustíveis fósseis vai atrasar a transição energética, avalia o Instituto Arayara. De acordo com a diretora executiva da entidade, Nicole Oliveira, tais incentivos deveriam ser destinados às tecnologias energéticas que substituam a extração de petróleo e gás fóssil, destaca o Valor. Segundo ela, o maior subsídio no país advém do Repetro, que isenta de tributos máquinas e equipamentos para a exploração.
Financial Times, Business Green, oilprice.com, Energy Live News e Edie também repercutiram a carta das empresas pelo fim dos combustíveis fósseis.
ClimaInfo, 24 de outubro de 2023.
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