Mudanças climáticas podem extinguir 90% dos mamíferos da Caatinga

mamíferos Caatinga
Mário R. Moura/Unicamp

O cenário otimista do estudo prevê a perda de 91,6% das comunidades desses animais no bioma, com 87% das espécies perdendo habitat ainda em 2060.

Uma nova pesquisa feita por cientistas brasileiros mostra que as mudanças climáticas em curso terão um efeito devastador no único bioma exclusivamente brasileiro. A Caatinga, que já sofre intenso processo de desmatamento e desertificação, pode perder a maior parte de seus mamíferos, em especial os de pequeno porte.

Segundo o IPCC, as temperaturas médias no norte da América do Sul devem subir em 2,7C até 2060, com acréscimo de 21 dias na estação seca. É uma mudança drástica e rápida demais para a maioria das espécies se adaptar, indicam os pesquisadores da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e das universidades federais da Paraíba (UFPB) e de Minas Gerais (UFMG).

Mamíferos de grande porte, como tatus, cotias e veados, têm mais chance de sobreviver – ainda que primatas, por exemplo, perderiam áreas adequadas. Já os de pequeno porte, que respondem por 54% dos mamíferos da Caatinga, sofrerão mais.

“Esse é o cenário otimista, em que a humanidade cumpre o Acordo de Paris, reduz as emissões de gases do efeito estufa e diminui o ritmo do aquecimento previsto para as próximas décadas”, explicou o pesquisador da UNICAMP Mário Ribeiro de Moura, que coordenou o estudo, para a Agência Fapesp. O estudo foi publicado na revista científica Global Change Biology e também foi notícia na Folha, Um Só Planeta, e Casa e Jardim.

Em tempo: O Parque Nacional da Serra das Confusões (PI), maior reserva de Caatinga do Brasil, sofre com três focos de incêndio florestal, de acordo com o site O Dia. De acordo com o g1, o fogo também se alastra na zona rural a sul do parque. ICMBio, IBAMA e Polícia Militar do Piauí trabalham no controle das chamas e acompanham o caso. O PARNA é lar de diversas espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada e o tatu-canastra, além de conter paredões com pintura rupestre.

 

ClimaInfo, 24 de outubro de 2023.

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