Fumaça de queimadas continua castigando Manaus 

5 de novembro de 2023
Arquivo pessoal/Antônia Martins

Nuvem de fumaça que atinge Manaus completou uma semana e se tornou mais densa no sábado, fazendo a qualidade do ar na cidade ficar péssima.

Além da seca extrema, a fumaça de queimadas criminosas tem atordoado a vida das pessoas no Amazonas. A capital do estado, Manaus, sofre com uma nova nuvem de fuligem há uma semana, o que afeta o cotidiano e a saúde dos manauaras. É a segunda nuvem de fumaça a atingir a cidade em um mês.

A “onda” de fumaça que atinge Manaus se tornou mais densa durante a madrugada e a manhã de sábado (4/11), mostram imagens do g1. A qualidade do ar era considerada péssima, destacam Em Tempo e Metrópoles.

Segundo o AM1, no início da manhã de sábado Manaus registrou o maior pico de poluição do ar do ano. Por volta das 6h30, o índice ultrapassava 555 de concentração de Partículas Inaláveis Finas (MP2) segundo o “Selva”, sistema de monitoramento do ar da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

O infectologista Nelson Barbosa alertou sobre os riscos de exposição à fumaça. Além de recomendar que as pessoas não saíssem de casa, o especialista destacou que é preciso ter atenção com os grupos de risco, principalmente crianças, idosos e gestantes, explica o g1.

Enquanto a população sofre, as autoridades seguem no “jogo de empurra” sobre a origem da fumaça. Segundo o g1, o governo do Amazonas disse que a fumaça que encobriu Manaus vem em grande parte do Pará. A informação também é destacada pelo Portal Marcos Santos, que menciona imagens de satélite do INPE.

Em setembro, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) do Amazonas disse que a fumaça em Manaus era proveniente de focos de calor e queimadas na capital e em outras cidades da Região Metropolitana. A Prefeitura de Manaus negou que as queimadas fossem na cidade e acusou os municípios do entorno. Em outubro, o IBAMA disse que a fumaça vinha dos municípios Careiro e Autazes, sendo causada por agropecuaristas, informa o g1.

O De Olho nos Ruralistas – Observatório do Agronegócio no Brasil identificou fazendeiros que estão promovendo queimadas e cobrindo Manaus de fumaça, destaca a Mídia Ninja. O observatório identificou a concentração dos primeiros focos de incêndio em um grupo de fazendas no entorno das Terras Indígenas Murutinga/Tracajá, Cuia, Iguapenu e Recreio/São Félix, que são habitadas pelo Povo Mura. E destaca uma propriedade de André Maia dos Santos, um dos principais criadores de búfalos da região de Autazes.

Além da fumaça sufocante, as queimadas também prolongam a estiagem extrema que atinge a Amazônia e intensificam o déficit de chuva, destaca o Brasil de Fato. “Muitas vezes vem uma massa de umidade, mas a fumaça não deixa que a nuvem evolua na sua dinâmica normal para que possa chover. Aí não tem previsão de chuva onde está queimado. Se as autoridades não conseguirem coibir, vai continuar queimando e emitindo fumaça. É uma manutenção do período de seca. É grave a situação”, explicou a pesquisadora Karla Longo, responsável pelo monitoramento de queimadas do INPE.

Participando do TEDxAmazônia, realizado em Manaus neste fim de semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, cobrou ações efetivas do governo do Amazonas contra as queimadas, relata o AM1. E destacou a necessidade de enfrentar a estrutura do problema. “Nós vamos mudar o problema se enfrentarmos a questão do desmatamento e do uso descontrolado do fogo, senão nós vamos ficar ‘apagando fogo’”, disse Marina.

Em tempo: O Pará teve o maior número de queimadas no Brasil entre janeiro e outubro, mostra o INPE. Foram 31.119 focos de incêndio no período. O estado teve o segundo pior mês de outubro em 25 anos, informa o g1. E assim como ocorre em Manaus, no Amazonas, regiões do Pará estão sendo tomadas pela fumaça. Uma das cidades atingidas é Santarém, mostra o Jornal Nacional. Até mesmo o balneário de Alter do Chão ficou completamente coberto. Segundo Lucas Vaz Peres, professor de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), uma avaliação inicial mostra que a fumaça vem do leste paraense, do Maranhão e de outras áreas do Nordeste, informa o g1. Por causa da fumaça, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou respostas imediatas dos órgãos de fiscalização ambiental a respeito da infraestrutura disponível para combater incêndios florestais, de acordo com O Liberal.

 

ClimaInfo, 6 de novembro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar