Radar Verde revela que 95% dos maiores varejistas do Brasil e 92% dos frigoríficos localizados na Amazônia Legal possuem controle muito baixo da cadeia pecuária.
Pesquisa inédita revela que 95% dos maiores varejistas do país e 92% dos frigoríficos instalados na Amazônia Legal não têm o controle necessário da cadeia pecuária para garantir se a carne é ou não oriunda de áreas desmatadas. Os percentuais refletem o Grau de Transparência Pública, um dos três indicadores que compõem o índice Radar Verde, e são o resultado da avaliação dos dados públicos disponibilizados pelas empresas em seus sites.
O Radar Verde é uma ferramenta que avalia a efetividade das políticas de controle ambiental de frigoríficos e varejistas no país. É desenvolvido de forma independente pelo IMAZON e pelo Instituto O Mundo Que Queremos (OMQQ), e o primeiro a colocar os fornecedores indiretos na equação, explica ((o))eco.
Em 2023, o Radar Verde identificou 132 frigoríficos com plantas na Amazônia e 69 varejistas potenciais compradores de carne bovina da região. Os frigoríficos são os que possuem registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia. Quanto aos supermercados, 50 correspondem às maiores redes varejistas do país no ranking de faturamento da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), e os outros 19 são os maiores supermercados dos estados da Amazônia Legal.
Entre os frigoríficos, apenas 38 publicam informações, e nenhum deles monitora os fornecedores indiretos. Já entre os mercados avaliados, 47 disponibilizam informações públicas e apenas três – Assaí, Carrefour e Grupo Pão de Açúcar (GPA) – realizam auditoria de seus fornecedores diretos, usando critérios socioambientais. Assaí e Carrefour foram classificados como grau de controle baixo. O GPA foi o único que demonstrou grau de controle intermediário da cadeia, detalha a Folha.
Em outro indicador do Radar Verde – o Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento, que avaliou apenas os frigoríficos –, a análise identificou que todos têm fornecedores em áreas de risco. Os frigoríficos com maior grau de exposição são JBS, Frialto, Frigo Manaus, Masterboi, Minerva, Mercúrio Alimentos, Rio Beef Frigorífico, Amazonboi, Frig e Frigorífico Redentor.
O Grau de Controle da cadeia, o terceiro indicador do levantamento, é obtido a partir das respostas das empresas aos questionários enviados. Nenhum dos 132 frigoríficos respondeu à pesquisa. E, dos 69 varejistas identificados, somente Assaí Atacadista, Carrefour e GPA responderam, mas nenhum deles autorizou a divulgação de sua classificação final.
Globo Rural, DW, Um só planeta, TV Cultura e Brasil de Fato trataram dos resultados do Radar Verde.
Em tempo 1: A Marfrig se manteve como a melhor empresa brasileira de proteína e a JBS caiu pelo segundo ano consecutivo no Coller FAIRR Protein Producer Index. O ranking, que está em sua 6ª edição, é elaborado pela FAIRR, rede de investidores que conta com US$ 70 trilhões de ativos sob gestão e analisa as 60 maiores empresas de capital aberto na indústria da proteína animal ao redor do mundo. A Marfrig foi considerada de baixo risco em critérios de sustentabilidade e se manteve na quarta posição no ranking geral. A JBS caiu da 16ª colocação para a 22ª. A BRF repetiu a 12ª colocação no ranking, enquanto a Minerva subiu de 19ª para 14ª. As três foram consideradas de médio risco, explica o Capital Reset.
Em tempo 2: A lei antidesmatamento da União Europeia poderá afetar cerca de 20% da soja e da carne bovina produzidas na Amazônia e no Cerrado brasileiros atualmente, cujas áreas ainda registram desmatamento ilegal desde 2021. O principal impacto deverá ser para os produtores rurais que não conseguirão comprovar a legalidade de suas atividades para cumprir as exigências do bloco, afirmou Raoni Rajão, diretor do Departamento de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Para ele, o país precisa implementar um sistema integrado de dados já disponíveis para fazer a comprovação dessa legalidade e poupar os produtores de novos gastos, informa a Globo Rural.
ClimaInfo, 10 de novembro de 2023.
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