Por dois dias seguidos, consumo de energia elétrica superou 100.000 gigawatts no horário de pico; foi a primeira vez que o país bateu tal marca.
A onda de calor fez o Brasil bater recorde no consumo de eletricidade durante o horário de pico da tarde pelo segundo dia consecutivo. O consumo elétrico nas alturas voltou a provocar alta do preço da energia no mercado atacadista e é visto como um sinal de alerta dos impactos da crise climática no setor.
Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a demanda bateu 101.437 megawatts (MW) às 14h24 de 3ª feira (14/11). O número é quase 500 MW acima dos 100.955 MW registrados na segunda (13/11), que já havia superado o recorde anterior, de 97.659 MW, medido em 26 de setembro deste ano, detalha a Folha. Foi a primeira vez na história do sistema elétrico brasileiro que o consumo superou a marca de 100.000 MW.
O aumento na demanda foi registrado em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN), informa o g1. O subsistema Sudeste/Centro-Oeste também bateu recorde, atingindo 60 GW às 15h30 de segunda. O patamar anterior era de 57,8 GW, registrado também em 26 de setembro.
A elevação da demanda era esperada pelo ONS diante da previsão de temperaturas elevadas, que ampliam o uso de eletrodomésticos como aparelhos de ar condicionado, ventiladores e o consumo energético de refrigeradores. O órgão disse não ver riscos ao abastecimento, mas a subida do consumo já provocou falhas no fornecimento em São Paulo nos últimos dias, afetando o centro e zona oeste da cidade ao longo do dia, de acordo com o R7.
Com a demanda pressionada, os preços da energia elétrica no mercado de curto prazo podem disparar. Atualmente, o piso regulatório está em cerca de R$ 69 por megawatt-hora (MWh). Mas empresas e especialistas do setor temem que o valor chegue a até R$ 600/MWh em determinadas horas do dia, segundo o UOL. E no futuro, essa conta poderá ser cobrada dos consumidores, no momento do reajuste das tarifas elétricas.
O Globo, Jovem Pan, MetSul, Agência Brasil e Terra noticiaram o consumo elétrico recorde no país por causa do calor extremo.
Em tempo: Mesmo com os reservatórios hidrelétricos cheios e a expansão das fontes eólica e solar na matriz elétrica, o ONS decidiu despachar algumas termelétricas para suprir a demanda recorde por causa do calor. Com isso, todas as usinas a gás fóssil e a planta a carvão mineral da Eneva, que estavam desligadas desde 2021, foram acionadas pelo operador do sistema, relata o Valor. Obviamente o diretor Financeiro da empresa, Marcelo Habibe, disse que o acionamento das usinas “é uma boa notícia para a companhia”. Só não conta, claro, qual será o impacto no bolso do consumidor. Nem os efeitos dessas plantas a combustíveis fósseis nas emissões e no agravamento da mudança climática – a mesma que está causando o calor extremo no Brasil.
ClimaInfo, 16 de novembro de 2023.
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