Prejuízo climático gerado por Petrobras e outras 24 petroleiras soma US$ 20 trilhões

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Roberto Rosa/Petrobras

Estudo estimou em US$ 20 trilhões perdas e danos decorrentes da crise climática causada pelas emissões de 25 grandes petroleiras do mundo, como a Petrobras.

Os lucros exorbitantes que a indústria dos combustíveis fósseis acumulou nas últimas três décadas só são equivalentes ao prejuízo que suas emissões causaram às comunidades e aos países afetados pelos efeitos da crise climática. Um novo estudo divulgado pela Climate Analytics fez a conta e mostrou o tamanho do rombo: US$ 20 trilhões em perdas e danos acumulados entre 1985 e 2018, valor equivalente a 12 vezes e meia o PIB brasileiro.

A análise considerou os impactos das emissões de Escopo 1 (emissões diretas), 2 (decorrentes do consumo de energia) e 3 (da cadeia de fornecimento e do ciclo de vida do produto final) de 25 das maiores empresas da indústria petroleira, incluindo a brasileira Petrobras. Ao mesmo tempo, os pesquisadores estimaram os prejuízos resultantes dos eventos climáticos extremos acumulados ao longo de mais de três décadas.

A cifra de US$ 20 trilhões é graúda, mas se apequena quando comparada com o lucro da indústria fóssil. Por exemplo, a líder no ranking dos danos climáticos, a saudita Aramco, causou prejuízos de US$ 2,8 trilhões decorrentes dos efeitos de suas emissões sobre o clima, mas registrou ganhos quase duas vezes maiores, de US$ 5,4 trilhões.

No caso da Petrobras, o estudo estimou em 500 bilhões de dólares as perdas e danos climáticos decorrentes de suas emissões de gases de efeito estufa. Nesse mesmo período, a petroleira brasileira acumulou cerca de US$ 700 bilhões em lucros, um saldo de US$ 200 bi.

Ao todo, as 25 empresas analisadas obtiveram lucros de aproximadamente US$ 30 trilhões nesse período. Ou seja, mesmo que as perdas e os danos climáticos fossem “descontados” dos ganhos, essas empresas ainda sairiam com lucro de cerca de US$ 10 trilhões.

A relação das maiores emissoras de carbono e principais responsáveis pelas perdas e danos climáticos conta com nomes como Gazprom, ExxonMobil, Shell, BP, Chevron, e a ADNOC – esta última, presidida por Sultan al-Jaber, presidente-designado da Conferência do Clima de Dubai (COP28), dos Emirados Árabes.

“Estas grandes empresas de petróleo e gás sabem das mudanças climáticas há décadas, mas mantiveram e dobraram a aposta nesse modelo de negócio. Elas colheram enormes ganhos financeiros, enquanto as mudanças climáticas se intensificaram e deixaram as populações vulneráveis, particularmente nos países em desenvolvimento, pagando a conta”, argumentou o autor principal do estudo, Carl-Friedrich Schleussner.

O Observatório do Clima abordou os principais pontos da análise. A AFP também repercutiu a notícia.

 

ClimaInfo, 17 de novembro de 2023.

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