Ambientalistas cobram compromisso contra combustíveis fósseis na COP28

17 de novembro de 2023
ambientalistas cobram compromisso antifóssil
Chris J Ratcliffe/Greenpeace

Mais de 60 organizações brasileiras divulgaram posição conjunta para eliminar gradualmente o consumo de fósseis, com queda de 60% até 2035 em relação a 2019.

A Conferência do Clima de Dubai (COP28), que começa no próximo dia 30, precisa entregar um acordo com metas e cronograma para o mundo deixar de queimar fontes fósseis de energia, como petróleo, gás e carvão. Essa é a cobrança feita por um grupo de 61 organizações da sociedade civil brasileira – entre elas, o Instituto ClimaInfo – que divulgou uma posição conjunta nesta 5ª feira (16/11) em prol da eliminação ordenada e progressiva dos combustíveis fósseis.

“A única maneira de evitar que o presente trágico se consolide num futuro distópico é frear a exploração de novos reservatórios de combustíveis fósseis em todo o mundo, como preconizado pela Agência Internacional de Energia, e começar a sua eliminação”, destacou o documento. “Sem ações imediatas e ambiciosas será impossível alcançar a redução de 43% (ano base 2019) nas emissões globais até o ano de 2030, único caminho ainda aberto à estabilização do aquecimento global em 1,5oC.”

A COP28 pode ser a última oportunidade para que o mundo consiga viabilizar um plano de abandono da energia fóssil ainda nesta década. No entanto, ao menos até aqui, poucos governos encamparam essa proposta. O cenário desta COP, que acontecerá em um dos maiores produtores de petróleo do mundo (e será presidida por um executivo da indústria petroleira), torna a missão ainda mais desafiadora.

De toda forma, o documento sugere que os países concordem com metas para redução do consumo de combustíveis fósseis nos próximos anos – queda de 43% até 2030 e de 60% até 2035 em relação aos níveis de 2019. Para tanto, além do veto a novos projetos de produção de energia fóssil, as entidades defendem que os governos zerem incentivos e subsídios públicos ao setor petroleiro, direcionando esses recursos para acelerar a adoção de fontes renováveis de energia.

A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis precisa ser encabeçada pelos países desenvolvidos, maiores consumidores dessa energia suja e os principais responsáveis pela crise climática. O documento recomenda que o processo de descarbonização leve em conta as capacidades de ação de governos ricos e pobres e estruture um fundo de financiamento para ação climática nos países em desenvolvimento a partir de recursos advindos da indústria fóssil.

Outra sugestão é o estabelecimento de zonas prioritárias de exclusão da proliferação de combustíveis fósseis, protegendo ecossistemas críticos para a vida na Terra. “Entendemos que a Amazônia deve ser uma destas zonas, tanto para a exploração onshore quanto para a offshore. E que é papel dos demais governos do mundo colocar outras áreas no mapa”, argumentam as entidades.

O documento foi encaminhado ontem para os ministros do MME, MMA, Fazenda e Relações Exteriores, e será entreguem em mãos hoje a Fernando Haddad e Marina Silva em evento em São Paulo. 

O Observatório do Clima deu mais informações. O documento foi abordado também em reportagens da Folha, da epbr e do Estadão Broadcast.

 

ClimaInfo, 17 de novembro de 2023.

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