Vigilância digital dos Emirados Árabes preocupa sociedade civil para COP28

vigilância digital EAU
Amnesty International

Anfitrião da COP28, o governo dos Emirados Árabes Unidos é acusado de perseguir defensores dos Direitos Humanos, além de impor vigilância digital agressiva sobre estrangeiros.

Faltando poucos dias para a abertura da Conferência do Clima de Dubai (COP28), o governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) está sendo criticado por conta de ameaças e perseguição à sociedade civil. O alerta mais recente foi dado pela Anistia Internacional, que acusou o país de utilizar métodos de vigilância digital para atacar dissidentes e suprimir a liberdade de expressão.

“A Anistia Internacional teme que os defensores dos Direitos Humanos e outros membros da sociedade civil nos EAU possam ser alvos de spyware, incluindo os participantes da COP28”, apontou Rebecca White, da Anistia.  “Não é segredo que a vigilância digital direcionada tem sido utilizada há muito tempo como arma nos Emirados Árabes para esmagar a dissidência e sufocar a liberdade de expressão”.

Em nota, a Anistia Internacional pediu às autoridades dos EAU que não espionem os participantes da COP28 e que permitam a utilização de aplicativos criptografados, como o Signal, para garantir uma comunicação segura por parte da sociedade civil.

A escolha dos Emirados Árabes para receber a COP28 foi bastante criticada por ativistas climáticos ao longo do ano. Além de ser um dos maiores produtores de petróleo do planeta – e ter designado um executivo petroleiro para comandar a Conferência -, o fato do país ter um histórico duvidoso de Direitos Humanos também incomodou a sociedade civil internacional, que já vem de uma experiência muito ruim no Egito, na COP27, no ano passado. 

Em tempo 1: Por falar nos Emirados Árabes, a Reuters informou que o governo do país pode atualizar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para o Acordo de Paris em 2024, de forma a compensar – ao menos, em parte – a ambição “insuficiente” de suas promessas de mitigação. Uma análise do Climate Action Tracker (CAT) mostrou que a NDC dos EAU está muito longe de ajudar a viabilizar a meta de 1,5oC de aquecimento neste século, além de reservar um grande papel para as fontes fósseis de energia até 2050.

Em tempo 2: O foco da COP28 não pode ser 2050, 2040 ou 2035 – os países precisam pensar no aqui e agora, em ações que permitam uma redução imediata e substancial das emissões de gases de efeito estufa ainda nesta década. Essa é a proposta do ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, feita em artigo publicado no Valor. O bilionário sintetizou uma agenda “factível” para a Conferência de Dubai entregar medidas de curto prazo para a ação climática global: intensificar o abandono do carvão para geração de energia, expandir dramaticamente os esforços de combate ao desmatamento, e atacar o vazamento de metano. “Juntas, estas três oportunidades são tão urgentes quanto alcançáveis”, defendeu.

 

ClimaInfo, 21 de novembro de 2023.

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