Metas climáticas de anfitriões da COP28 são insuficientes, mostra análise

COP28
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Os Emirados Árabes Unidos (EAU), que receberão a próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), não estão bem na foto da ambição climática. Uma análise da Climate Action Tracker (CAT) classificou o plano climático revisado do país como “insuficiente” para manter o aquecimento global abaixo de 1,5oC neste século, como definido pelo Acordo de Paris.

De acordo com o estudo, o plano divulgado no começo do mês pelo governo dos EAU melhorou “ligeiramente” sua meta de mitigação para 2030, incluindo um novo objetivo para ampliar a capacidade de “energia limpa” em 30% até o final da década. No entanto, a proposta dos anfitriões da COP28 ainda prevê um grande papel para a energia fóssil até 2050, o que contraria até mesmo o compromisso de neutralidade feito pelos EAU para meados do século.

“O CAT estima que os Emirados Árabes Unidos não conseguirão cumprir sua NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada] com as políticas que implementou, com emissões definidas para aumentar. Para ser compatível com 1,5oC, os EAU precisariam reduzir suas emissões de 2030 em mais de 35% abaixo dos níveis de 2021. Ao invés, eles devem aumentá-las significativamente até 2030”, disse a análise.

A conclusão joga mais pressão nas costas dos EAU, que enfrentam críticas de observadores e ativistas climáticos pelas conexões dos organizadores da COP com a indústria dos combustíveis fósseis. O presidente designado da Conferência, Sultan Al-Jaber, é o CEO da maior petroleira estatal do país, e a equipe que ele lidera para a COP está repleta de profissionais com passagem em empresas fósseis. A linguagem pró-petroleiras do chefe da COP também vem incomodando.

AFP, Bloomberg e Reuters repercutiram a análise.Em tempo: John Kerry concluiu nesta 4ª feira (19/7), sua passagem pela China cheia de conversas e escassa em anúncios. Como assinalado pela Bloomberg, o foco do enviado especial dos EUA ao clima foi restabelecer os canais de diálogo e cooperação entre os dois países na agenda climática. O bom relacionamento do ex-secretário de estado do governo Obama com seu contraparte chinês, Xie Zhenhua, é um ativo que pode facilitar essa reaproximação. Mas o caminho para a cooperação sino-americano no clima ainda tem chão pela frente, observou a Reuters, e dependerá de novas conversas e, principalmente, da separação entre a questão climática e outras polêmicas delicadas na relação entre os dois países. O Financial Times também abordou a visita de Kerry a Pequim.

ClimaInfo, 21 de julho de 2023.

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