Emirados Árabes colocam executivos do petróleo em cargos-chave da COP28

COP28 Emirados Árabes
Rula Rouhana/Reuters

Não bastasse a presidência da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), o governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) resolveu indicar também mais de uma dezena de executivos ligados à empresa estatal de petróleo para atuar na organização do encontro. A informação reforça a preocupação de ativistas com o “sequestro” das negociações climáticas por representantes da indústria petroleira.

Um levantamento feito pelo Center for Climate Reporting (CCR) e revelado pelo Guardian mostrou que pelo menos 12 pessoas que trabalhavam em petroleiras estatais foram designadas para a equipe responsável pela organização da COP28. Entre os funcionários designados, estão dois ex-engenheiros da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), empresa chefiada pelo sultão Ahmed al-Jaber, que também presidirá a próxima COP.

Os registros sugerem que pelo menos alguns membros da organização da COP28 podem estar trabalhando no mesmo edifício que sedia a petroleira. Isso reforça as dúvidas quanto a um possível conflito de interesses no comando da Conferência. Para ativistas e alguns negociadores, o fato da presidência da COP28 ter relação direta com a indústria fóssil coloca em xeque a confiabilidade da condução das negociações pelos EAU. O eCycle também abordou a questão.

Ainda sobre as negociações climáticas, o Washington Post destacou o principal incômodo de representantes de países pobres no caminho para a COP28: passados dois meses desde o final da Conferência de Sharm el-Sheikh (COP27), as discussões sobre o fundo para perdas e danos empacaram. Entre os países desenvolvidos, o freio de mão segue puxado, com sinais pessimistas quanto à possibilidade de novos recursos para estruturar esse fundo.

Em tempo: A África do Sul está finalizando o plano de implementação do acordo de financiamento climático de US$ 8,5 bilhões firmado com países do G7 e da União Europeia. A Parceria da Transição Energética Justa, como foi batizado o acordo, prevê ajudar a maior economia do continente africano a se distanciar do carvão na geração de energia elétrica. A notícia é da Bloomberg. Ao mesmo tempo, o Climate Home destacou o desconforto de comunidades que vivem no entorno de usinas termelétricas de carvão na África do Sul. Elas reclamam que o governo sul-africano não os procurou para explicar como a implementação do acordo climático afetará a vida deles e temem que sejam “deixados para trás” na transição do carvão para fontes renováveis de energia.

ClimaInfo, 6 de fevereiro de 2023.

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