Contra apelos ambientais, Marinha afunda porta-aviões cheio de substâncias tóxicas

Marinha afunda porta-aviões
Divulgação - 3.fev.23/Greenpeace Brasil

Um desastre ambiental que poderia ser plenamente evitado. É assim que ambientalistas e biólogos marinhos classificam a decisão da Marinha do Brasil de afundar o porta-aviões São Paulo, o que foi realizado na última 6ª feira (3/2) em um ponto a 350 km do litoral brasileiro.

O porta-aviões São Paulo protagonizou uma comédia de erros grosseiros nos últimos meses. Em 2021, depois de ser desativado, foi vendido pela Marinha do Brasil a um estaleiro na Turquia, que faria seu desmanche. No entanto, as autoridades turcas rejeitaram a entrada da embarcação naquele país por conta do volume excessivo de substâncias perigosas em sua estrutura – cerca de 9,6 toneladas de amianto. Depois disso, o navio ficou vagando pelo mar, sem poder atracar em nenhum porto.

Com isso, o IBAMA suspendeu a licença de exportação e determinou o retorno do navio ao Brasil. No entanto, o navio foi impedido por decisão judicial de atracar nos portos de Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). Assim, a Marinha decidiu pelo afundamento da embarcação, mesmo depois de um grupo empresarial da Arábia Saudita ter oferecido cerca de R$ 30 milhões pelo casco.

“O que a gente observou foi uma sequência de erros que terminou nessa decisão trágica de colocar no fundo do mar uma quantidade de materiais tóxicos que a gente não sabe qual é”, afirmou ao g1 Leandro Ramos, do Greenpeace Brasil. “Se o Brasil está levando a sério a tarefa de assumir o protagonismo nas questões ligadas ao meio ambiente, essa era uma excelente oportunidade de mostrar isso para além das palavras”.

A Folha elencou alguns dos impactos ambientais previstos pelo IBAMA para a área onde o porta-aviões foi afundado: distúrbios na capacidade filtrante e dificuldade de crescimento em organismos aquáticos, liberação de gases CFCs e HCFCs (que degradam a camada de ozônio e contribuem para o aquecimento global), além da atração de espécies invasoras e deterioração do ecossistema marinho no local.O NY Times também repercutiu a decisão da Marinha brasileira de afundar o porta-aviões.

ClimaInfo, 6 de fevereiro de 2023.

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