Na TI Yanomami, surto de diarreia mata criança, e mais garimpeiros são presos

crise Yanomami
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Os dados de combate ao garimpo ilegal e de promoção de saúde na Terra Yanomami melhoraram sensivelmente desde que o governo Lula iniciou ações na região, logo no início do mandato, diante da tragédia humanitária que afligia o território. Mas, como ressaltou a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o que restou do garimpo na TI é dominado pelo narcotráfico, dificultando o fim da desintrusão. E um recente surto de diarreia afeta várias comunidades do território.

Uma criança menor de 5 anos morreu após ser resgatada por causa do surto, que afeta 11 das 41 comunidades Auaris, na TI Yanomami. Ela chegou a ser removida para Boa Vista, capital de Roraima, mas não resistiu. A causa da morte ainda está sendo investigada, informam CNN e CBN.

Segundo a Agência Brasil, equipes de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) estão prestando assistência às vítimas do surto desde domingo (16/7) e já atenderam 90 casos, principalmente entre crianças de 1 e 12 anos. Não há informações sobre quando os casos de diarreia começaram.

Continuando o combate ao garimpo ilegal na TI, a operação Ágata Fronteira Norte – ação das Forças Armadas, Polícia Federal e IBAMA – prendeu na 4ª feira (19/7) 12 homens e uma mulher envolvidos na atividade. Os invasores foram levados para Boa Vista para prestar depoimento, relata o Poder 360.

Os garimpeiros foram presos na região de Homoxi. Foi a segunda prisão de criminosos em uma semana na Terra Yanomami, explica o g1. Na 4ª feira retrasada(12/7), 11 garimpeiros também foram presos pela operação Ágata Fronteira Norte, que segue no território.

O Nexo fez um balanço de seis meses das ações do governo Lula na TI Yanomami. Houve avanços na proteção ambiental e na redução da criminalidade, mas a saúde pública ainda preocupa. Para Marcelo Moura, antropólogo do Museu Nacional da UFRJ, a solução definitiva depende da permanência do Estado no território.

“Não se trata apenas de retirar os invasores que ainda insistem em destruir a floresta e a vida indígena, mas de criar um verdadeiro sistema de proteção territorial que impeça o retorno dos criminosos.”

Em tempo: A atual Constituição brasileira foi promulgada em 1988, mas somente agora, 35 anos depois, ganhou uma versão em língua indígena. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, lançou na 4ª feira (19/7) no Amazonas a versão da Carta Magna traduzida para a língua nheengatu, informa a Folha. Segundo o STF, o nheengatu foi escolhido por ser o único idioma descendente do Tupi antigo ainda vivo hoje e que permite a comunicação entre diferentes etnias na Amazônia. Segundo a ministra, a iniciativa é um “símbolo do compromisso de garantir aos Povos Indígenas acesso à Justiça”. Não se pode negar a importância do fato, mas seria ainda mais importante – e urgente – que a Corte enterrasse de vez o marco temporal, cujo julgamento (novamente) parou no STF, após pedido de vista do ministro André Mendonça. CNN, DW, g1, Agência Brasil e Correio Braziliense também noticiaram o lançamento da Constituição na língua nheengatu.

ClimaInfo, 21 de julho de 2023.

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