China e EUA demonstram caminhos e limites para cooperação climática

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Enquanto se desdobram para enfrentar os efeitos de eventos climáticos extremos em seus territórios, os governos de Estados Unidos e China seguem buscando um entendimento em torno de seus objetivos e ações no plano internacional na agenda de clima.

Nesta 4ª feira (19/7), o enviado especial de Washington para o clima, John Kerry, se reuniu em Pequim com o primeiro-ministro Li Qiang e o vice-presidente Han Zheng. As conversas fazem parte do esforço do ex-secretário de estado do governo Obama para restabelecer a cooperação bilateral para o clima antes da Conferência do Clima de Dubai (COP28), no final do ano.

Mais uma vez, Kerry reiterou a gravidade da crise climática e o fato de ela ser uma “ameaça universal” que exige um foco específico dos governos, separado de outras questões políticas. Esse argumento não é gratuito: as tensões geopolíticas entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa, precipitadas pela invasão russa à Ucrânia e pela visita de representantes norte-americanos à Taiwan no ano passado, acabaram bloqueando as conversas sino-americanas na questão climática.

“Ao longo dos últimos anos, o relacionamento entre EUA e China enfrentou complicações. Se pudermos nos unir nos próximos meses que antecedem a COP28, que será a mais importante desde Paris, teremos a oportunidade de fazer uma diferença profunda nessa questão”, disse Kerry.

Em paralelo, o presidente Xi Jinping fez uma sinalização importante nesta 4ª feira (19/7): em discurso a funcionários do Partido Comunista, o líder chinês afirmou que o país pretende enfrentar a mudança do clima de forma autônoma, à sua maneira. “Os caminho, método, ritmo e intensidade para atingir essa meta [neutralidade líquida das emissões de carbono até 2060] devem ser determinados por nós mesmos e nunca serão influenciados por outros [países]”, disse Xi, que não se encontrou com Kerry.

A fala do líder chinês pode estar relacionada às cobranças feitas pelos EUA e pela União Europeia para que Pequim assuma mais responsabilidades no enfrentamento à crise climática, especialmente no financiamento à ação climática nos países mais pobres e vulneráveis. A China também vem sendo cobrada a acelerar o fim do uso de carvão para geração elétrica.

Associated Press, Bloomberg, Guardian, NY Times, Reuters e Washington Post repercutiram as falas de Kerry e Xi em Pequim.

ClimaInfo, 20 de julho de 2023.

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