O calor intenso observado no Hemisfério Norte nos últimos dias, bem como a ocorrência mais frequente de eventos extremos nos últimos anos, são o alerta mais explícito sobre a gravidade da crise climática – e de como a inação dos governos e empresas no corte de emissões de gases de efeito estufa está piorando as consequências desse processo.
O alerta é do cientista norte-americano James Hansen, ex-NASA, cujo depoimento ao Senado dos EUA em 1988 é frequentemente citado como a primeira declaração técnica sobre a mudança do clima em alto nível político. Para ele, o mundo se move rapidamente em direção a uma “nova fronteira climática”, com temperaturas mais altas do que em qualquer outro momento em pelo menos 1 milhão de anos.
As ondas de calor e outros eventos extremos trazem uma “sensação de decepção para nós, cientistas, por não nos comunicarmos com mais clareza e por não termos eleito líderes capazes de uma resposta mais inteligente”, disse Hansen ao Guardian. “Há muito mais [consequências negativas] a caminho, a menos que reduzamos as quantidades de gases de efeito estufa [na atmosfera]”.
O que cientistas vislumbravam como possibilidade há 40 anos agora faz parte do dia-a-dia das pessoas. O Hemisfério Norte vive um verão infernal, com uma sequência inédita de recordes históricos de calor em diversas áreas nos três continentes. Além do aquecimento global, a ocorrência do fenômeno El Niño intensifica os episódios de calor extremo, tornando cada vez mais possível que 2023 se torne o ano mais quente já registrado.
A CNN informou que, somente nos EUA, mais de 2,3 mil recordes de calor foram quebrados da Flórida à Califórnia desde que os primeiros alertas de calor foram lançados nesta temporada, em 10 de junho. No Arizona, a capital Phoenix experimentou seu 19º dia consecutivo de temperaturas máximas superiores a 43oC. Nem a noite tem sido clemente: de acordo com a Bloomberg, a mínima registrada na madrugada de 3ª para 4ª feira foi de 36oC, mais um recorde de calor.NY Times e Reuters também abordaram as ondas de calor na América do Norte, na Ásia e na Europa.
ClimaInfo, 20 de julho de 2023.
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