Ativistas denunciam intimidação e espionagem do governo egípcio na COP27

COP27 espionagem do governo
Sedat Suna/EPA

Representantes de organizações da sociedade civil presentes na COP27 denunciaram ao Guardian diversas ações de intimidação e vigilância das autoridades egípcias em Sharm el-Sheikh. De acordo com a reportagem, funcionários uniformizados ou à paisana da conferência supostamente à disposição para fornecer segurança, assistência técnica ou limpeza aos delegados, estariam monitorando os passos de ativistas climáticos dentro do espaço oficial da Conferência – onde, ao menos teoricamente, a segurança é de responsabilidade da polícia da ONU.

Alguns ativistas relataram abordagens indiretas, com agentes egípcios tentando escutar conversas entre delegados até mesmo dentro dos pavilhões nacionais espalhados pela COP27. Reuniões em salas oficiais também estariam sendo monitoradas, com representantes da sociedade civil sendo colocados em salas mais abertas e expostas.

Do lado de fora, os problemas também se acumulam. Alguns ativistas relataram extorsão de hotéis que cobraram valores extra em suas estadias para observadores da sociedade civil na COP. Até mesmo nos aeroportos, pessoas estariam sendo impedidas de embarcar para Sharm el-Sheikh antes de “conversar” com policiais egípcios em salas fechadas.

Nesta 5ª feira (10/11), o corredor principal da COP27, que dá acesso às salas de reunião e aos plenários, foi tomado por centenas de ativistas que protestaram contra a repressão do governo egípcio à sociedade civil do país. Vestidos de branco, os manifestantes defenderam a libertação do prisioneiro político Alaa Abdel Fatah, que está desde a semana passada em greve total de comida e água.

Em resposta, o presidente da COP27 e ministro egípcio do exterior, Sameh Shoukry, reclamou do foco das manifestações contra o governo do país na Conferência. “Eu me concentro em destacar a importância da COP e tentar chamar a atenção das Partes e da comunidade internacional para o desafio existencial relacionado às mudanças climáticas. Penso que é mais benéfico para alcançar nossos objetivos que continuemos a focar-nos nesta questão. Este é o motivo de estarmos aqui”, disse Shoukry, citado pela Associated Press

Ainda sobre Alaa, as autoridades do Egito confirmaram que o internaram compulsoriamente para evitar sua morte. No entanto, segundo a Associated Press, os funcionários da prisão não permitiram a entrada do advogado da família para avaliar a situação dele. Não se sabe que tipo de intervenção médica foi feita, nem se Alaa foi levado a um hospital fora da prisão. O NY Times também repercutiu a notícia.

 

ClimaInfo, 11 de novembro de 2022.

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