COP27 é alvo de “ofensiva” de lobistas do petróleo

COP27 lobby fóssil
Kick Big Polluters Out

A ciência é consistente e contundente neste ponto: para evitar mudanças climáticas mais perigosas, a humanidade precisa parar de queimar combustíveis fósseis o quanto antes. No entanto, é no mínimo curioso que a turma do Big Oil continue sendo recebida nas Conferências do Clima como se fossem dignitários governamentais.

Um levantamento da Kick Big Polluters Out, que se mobiliza para retirar os representantes da indústria dos combustíveis fósseis das negociações climáticas, há pelo menos 636 lobistas do setor registrados para participar da COP27, um aumento de mais de 25% em relação ao ano passado.

Para efeito de comparação, o único país com uma delegação maior que a do Big Oil em Sharm el-Sheikh é (curiosamente) a dos Emirados Árabes Unidos, que sediará a próxima COP28 em 2023, com 1.070 delegados registrados. A delegação da indústria petroleira é superior às dos maiores países africanos, como a República Democrática do Congo (459) e Quênia (386), e mais de duas vezes maior que a dos Povos Indígenas (293).

“A influência dos lobistas fósseis é maior do que a dos países e comunidades na linha de frente da crise climática. Delegações de países africanos e comunidades indígenas são ofuscadas por representantes de interesses corporativos diretamente em desacordo com o nível de mudança sistêmica necessária para desacelerar a crise climática”, destacou o grupo. “Os lobistas do petróleo e gás estão trabalhando abertamente por meio de várias delegações de países, contrariando os apelos para reduzir a indústria dos combustíveis fósseis”. 

BBC e Guardian repercutiram essas informações.

Em tempo: O Climate Home deu detalhes sobre um desses lobistas que circula livremente na COP27. O advogado camaronês Njock Auyk Eyong é presidente da Câmara Africana de Energia, um grupo comercial que conecta executivos do petróleo e gás a funcionários governamentais. Ele foi condenado na Justiça dos EUA por fraude, sob a acusação de tentar se passar por um congressista do país, além de ter sido investigado por lavagem de dinheiro em Gana. Uma das missões de Eyong na COP27 tem sido vender o gás natural como “combustível de transição” para outros países africanos.

 

ClimaInfo, 11 de novembro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.