Brasil quer fundo para florestas na COP28 e acordo por 1,5ºC

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Marcelo Seabra/Agência Pará

O governo brasileiro aposta na COP28 para “virar a chave” da retomada da diplomacia climática depois da era Bolsonaro e se posicionar como liderança global.

Depois de quatro anos de atuação discreta e marcada por desconfiança dos demais países, o governo brasileiro participará da COP28 reforçando o lema “O Brasil voltou”. O país levará em sua bagagem resultados positivos no combate ao desmatamento e propostas para destravar o financiamento para proteção de florestas e manter viva a meta de 1,5ºC de aquecimento neste século.

“O novo governo brasileiro acredita na ciência. E o que estamos propondo é que não seja apenas a ambição dos países [que cresça]. Estamos propondo que, dentro da Convenção, a referência [nos textos oficiais] passe a ser 1,5ºC”, disse o embaixador André Corrêa do Lago, secretário de clima, energia e meio ambiente do Ministério das Relações Exteriores, à Folha. A Agência Pública destacou essa proposta.

Já a ideia do fundo para florestas é aproveitar a experiência do Fundo Amazônia para estabelecer um mecanismo internacional voltado especificamente para ações de proteção florestal. Um esboço geral da proposta foi apresentado na última 5ª feira (23/11) em reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Estadão e Financial Times também repercutiram essa informação.

Outro destaque é a adesão do Brasil ao acordo para triplicar a geração global de energia renovável até 2030. De acordo com Lago, a ideia do governo brasileiro é apoiar outras nações com tecnologias consolidadas no país, como o etanol e os biocombustíveis. “O Brasil quer participar do esforço internacional para aumentar o número de renováveis”, afirmou à Reuters.

Mais do que levar propostas, o Brasil quer se colocar como uma liderança capaz de construir pontes entre os diferentes grupos de países, antecipando sua responsabilidade de futuro anfitrião das negociações climáticas da ONU na COP30, programada para 2025.

“Não há a menor dúvida de que a partir do momento em que teremos a responsabilidade de realizar a COP30, temos que assegurar que as COP28 e COP29 possam dar os resultados que são esperados”, afirmou Lago em entrevista ao Valor.

Mas os desafios do Brasil não serão pequenos em Dubai. Mesmo com a redução do desmatamento e a revisão da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do país sob o Acordo de Paris, que retificou a “pedalada climática” imposta pela gestão Bolsonaro nas metas brasileiras de mitigação, a ambiguidade do governo sobre a questão dos combustíveis fósseis gera ceticismo em alguns círculos. A Página22 abordou essa situação.

Em tempo: A delegação brasileira na COP28 deve bater recordes. De acordo com a Folha, ao menos 12 ministros estão programados para viajar para Dubai, como Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Carlos Fávaro (Agricultura), além do próprio presidente Lula. A representação do Brasil na COP deve ser a maior entre os países, com cerca de 2,4 mil pessoas (!) credenciadas. O número inclui por volta de 400 membros do governo, com a maior parte sendo composta por representantes de governos subnacionais, organizações da sociedade civil e empresas.

 

ClimaInfo, 27 de novembro de 2023.

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