Agência defende ampliação de investimentos em energias renováveis e alerta para riscos de projetos de captura de carbono como “bala de prata” da descarbonização global.
Os países produtores de combustíveis fósseis estão em um momento-chave para o futuro de suas economias: apostar no business as usual pode sacrificar o futuro por ganhos imediatos que não vão se sustentar por muito tempo. O alerta é do diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, que falou ao Financial Times sobre a “hora da verdade” da indústria fóssil na COP28.
“Com o mundo sofrendo os impactos de uma crise climática cada vez pior, continuar com os negócios como de costume não é social nem ambientalmente responsável”, destacou Birol. “A indústria precisa se comprometer a ajudar genuinamente o mundo a atender a suas necessidades energéticas e metas climáticas”.
A crítica do chefe da IEA mira em especial as principais empresas de combustíveis fósseis. Mesmo com lucros estratosféricos no último ano, vitaminados pela alta do petróleo, gigantes como Chevron, ExxonMobil, Shell e BP pisaram no freio em seus planos de investimentos em fontes renováveis de energia, redirecionando recursos para ampliar a produção de combustíveis fósseis.
Outra bronca de Birol é a insistência da indústria e dos países petroleiros em depositar suas esperanças em tecnologias ainda incipientes de captura e armazenamento de carbono. Além da incerteza tecnológica, o chefe da IEA apontou que as políticas atuais de produção e consumo de energia fóssil exigiriam uma quantidade “inconcebível” de 32 bilhões de toneladas de carbono sendo capturadas anualmente até 2050. O Valor publicou uma tradução da reportagem.
Um dos tópicos mais quentes da Conferência do Clima de Dubai será a questão do abandono gradual dos combustíveis fósseis, um item que não faz parte da agenda de negociação da COP28, mas que será defendido pela União Europeia. O comissário europeu para o clima, Wopke Hoekstra, foi duro em sua análise: para ele, a energia fóssil deve ser “relegada à História”.
“Algumas grandes empresas de petróleo conhecem há muito tempo as implicações diretas de suas atividades poluentes sobre as mudanças climáticas e têm tentado ocultar as evidências. Isso aumenta ainda mais a responsabilidade delas de contribuir para resolver a crise climática”, comentou Hoekstra, citado por O Globo.
Enquanto isso, a BloombergNEF divulgou um novo estudo que mostra como os países podem impulsionar a adoção de fontes renováveis de energia e facilitar a transição energética até o final desta década. Segundo a análise, o mundo poderá triplicar sua capacidade de geração renovável até 2030, duplicando a taxa de investimento para de US$ 564 bilhões para uma média de US$ 1,1 trilhão por ano. Isso permitiria uma capacidade renovável de 11 terawatts (TW) e colocaria a economia global no caminho para as emissões líquidas zero até 2050. O Valor deu mais informações.
ClimaInfo, 28 de novembro de 2023.
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