Redução da neve no Hemisfério Norte é consequência da mudança climática, conclui estudo

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Erol Ahmed /Unsplash

Redução da neve acumulada no solo pode levar a crises hídricas em regiões que dependem desses reservatórios para abastecimento de água, destaca a nova pesquisa.

Um novo estudo, publicado na Nature confirma que as mudanças climáticas causadas pelas atividades humanas afetaram os padrões de neve em todo o Hemisfério Norte, incluindo declínios claros no acúmulo de neve em pelo menos 31 bacias hidrográficas. As mudanças nos padrões de ocorrência têm consequências de longo alcance, indo desde escassez hídrica até o fechamento de resorts de esqui.

Os pesquisadores também descobriram que, quando uma região se aquece a uma temperatura média de -8°C durante todo o inverno, parece atingir um ponto de inflexão em que a neve começa a derreter rapidamente, informam New York Times e Folha. “Depois desse valor, as coisas saem totalmente do controle”, explicou Justin Mankin, professor de geografia da Dartmouth College e coautor do estudo.

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 160 bacias hidrográficas de 1981 a 2020  para verificar o quanto restava de neve em março, ao final do inverno no Hemisfério Norte. Em cerca de 20% dessas áreas, encontraram declínios claros no acúmulo que poderiam ser atribuídos às mudanças climáticas. O Nordeste e o Sudoeste dos Estados Unidos estão entre as regiões com a maior queda no acúmulo de neve, juntamente com grande parte da Europa.

As mudanças não foram uniformes ou lineares em todo o mundo. Mesmo com o aumento das temperaturas, lugares que já eram mais frios podem não ultrapassar o ponto de congelamento da água (0°C) o suficiente durante o inverno para perder muito acúmulo de neve. Mas depois que uma área atinge uma média de temperatura de inverno de -8°C, as perdas se aceleram exponencialmente.

“O clima robusto do inverno proporciona muitos benefícios para a humanidade, vantagens que estão desaparecendo à medida que o clima muda e o planeta aquece. Tempestades de inverno como a que cobriu partes do Nordeste [dos Estados Unidos] de neve no fim de semana [retrasado] continuarão acontecendo, mas com menos frequência. A tendência a longo prazo, especialmente nas partes normalmente mais frias dos EUA e de outros países, é de invernos mais quentes com menos substância branca”, alertou Mark Gongloff, editor e colunista da Bloomberg.

Washington Post, AP, Bloomberg, CNN e USA Today também noticiaram o novo estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas nos níveis de neve do planeta.

 

ClimaInfo, 16 de janeiro de 2024.

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