Estudo: mais quente, Groenlândia perde 30 milhões de toneladas de gelo por hora

Groenlândia perde gelo
Annie Spratt / Unsplash

O número é 20% maior do que se pensava e pode provocar o colapso das correntes do Atlântico Norte, fundamentais para o clima no planeta.

A calota de gelo da Groenlândia está perdendo uma média de 30 milhões de toneladas de gelo por hora devido à crise climática. O volume perdido é 20% a mais do que se pensava anteriormente, mostra um estudo publicado na Nature.

Os cientistas estão preocupados, porque essa fonte adicional de água doce despejada no Atlântico Norte pode significar que um colapso nas correntes oceânicas da chamada Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, sigla em inglês) está mais próximo de ser desencadeado. E isso trará graves consequências para a humanidade, destaca o Guardian.

A perda significativa de gelo na Groenlândia por causa das mudanças climáticas é registrada há décadas. As técnicas usadas até agora, como a medição da altura da calota de gelo ou seu peso por meio de dados de gravidade, são eficazes para determinar as perdas que acabam no oceano e elevam o nível do mar. No entanto, não conseguem contabilizar o recuo das geleiras que já se encontram principalmente abaixo do nível do mar nos estreitos fiordes ao redor da ilha. Por já estarem submersas, essas geleiras não aumentam o nível do mar se derreterem. Mas alteram a salinidade do oceano, o que pode alterar a AMOC.

Já nesse estudo, fotos de satélite foram analisadas por cientistas para determinar a posição final das muitas geleiras da Groenlândia a cada mês, de 1985 a 2022. Isso mostrou um encurtamento amplo e significativo, totalizando 1 trilhão de toneladas de gelo perdido, detalha a Bloomberg.

A AMOC pode ser descrita como uma “correia” transportadora planetária de energia que circula água quente de latitudes mais baixas até o Atlântico Norte e vice-versa. Além de aquecer grande parte da Europa e do Reino Unido, essa circulação transporta nutrientes que são essenciais para sustentar a vida oceânica.

Os cientistas estão divididos quanto a se a AMOC está se aproximando do ponto de não-retorno, quando mesmo uma quantidade relativamente pequena de água doce derretida poderia interromper o ciclo. No entanto, parece provável que uma entrada maior de água doce possa ter um impacto muito significativo.

New York Times e Washington Post também destacaram o estudo.

 

ClimaInfo, 18 de janeiro de 2024.

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