Sob pressão, Azerbaijão inclui mulheres em equipe organizadora da COP29

COP29 mulheres na comissão
via UmSóPlaneta / Getty

Grupo chefiado por ex-executivo petroleiro e futuro presidente da COP29 foi duramente criticado por ativistas climáticos pela ausência de mulheres em sua composição inicial.

A primeira polêmica da Conferência do Clima de Baku (COP29) foi superada, ainda que na base do empurrão. Depois de ser bastante criticado por compor o comitê organizador do evento apenas com homens, o governo do Azerbaijão anunciou na última 6ª feira (19/1) a inclusão de 12 mulheres ao grupo, que passará a ter 42 integrantes. 

A proporção ainda é bem aquém da paridade de gênero demandada por grupos da sociedade civil e fica pequena até em comparação com a COP28 de Dubai, nos Emirados Árabes, no qual as mulheres representavam a metade do comitê organizador.

Entre as mulheres nomeadas, estão Sabina Aliyeva, comissária de Direitos Humanos, e Farah Aliyeva, chefe do departamento de política humanitária. O grupo é chefiado pelo futuro presidente da COP29, o ministro Mukhtar Babayev, um político com larga experiência executiva na principal empresa de combustíveis fósseis do Azerbaijão, a SOCAR.

O recuo do governo azeri foi bem-recebido pelos grupos ativistas, mas a falta de paridade de gênero ainda é um problema crônico não apenas da COP em si, mas das negociações climáticas como um todo.

“Ainda há um longo caminho a percorrer para que a paridade de gênero seja alcançada”, afirmou María Mendiluce, da coalizão We Mean Business, citada pelo Financial Times. Bloomberg, Reuters e Um Só Planeta também repercutiram a notícia.

Enquanto isso, a Bloomberg informou que integrantes da SOCAR estiveram em Davos (Suíça) na semana passada, durante o Fórum Econômico Mundial para conversar com representantes governamentais e empresariais. Segundo a reportagem, a empresa quer “melhorar seu desempenho climático” (seja lá o que isso quer dizer) antes da COP29 de Baku, no final do ano. A presença da estatal petrolífera azeri em discussões políticas repete a estratégia dos Emirados Árabes e da ADNOC durante o ano passado, quando o próprio presidente da COP (e CEO da empresa), Sultan Al-Jaber, foi acusado de utilizar reuniões sobre o evento para negociar acordos comerciais com outros países.

 

ClimaInfo, 23 de janeiro de 2024.

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