Petrobras planeja adquirir 2 GW em projetos eólicos e solares já existentes

23 de janeiro de 2024
Petrobras eólicas
Divulgação Petrobras

Investimentos em renováveis serão feitos inicialmente em projetos existentes ou em andamento, não contribuindo assim com os esforços do país para a estabilização do clima.

Após um ano falando de transição energética, mas pouco [ou nada] fazendo, além de dizer que precisa explorar mais petróleo para financiá-la, o comando da Petrobras dá, enfim, os primeiros passos em direção a fontes renováveis. E como um bebê que está aprendendo a andar, a empresa não vai longe: os anúncios incluem apenas a compra ou investimento em usinas já existentes ou em andamento, sem novos projetos. Isso pode até ajudar a limpar o conjunto de produtos da petroleira, sujo pelos combustíveis fósseis que produz e vende, mas não apoia o país a aumentar a participação das renováveis na matriz elétrica brasileira, nem reduz emissões do setor elétrico.

Em entrevista à Reuters reproduzida por UOL, Terra e Diário do Comércio, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a petroleira espera formar inicialmente um portfólio de cerca de 2 GW de ativos de geração eólica e solar em terra no Brasil a partir deste ano. Segundo ele, a estatal fará parcerias com outras empresas em projetos já consolidados e que não enfrentam dúvidas sobre o sucesso do negócio. O que indica que não haverá novidades, mas sim mudança de sócios em projetos já encaminhados.

“Tem muito projeto bom aí de portugueses, espanhóis, franceses e brasileiros, tudo onshore (em terra) e já rodando. Esses 2 gigawatts devem ser de solar e eólica em terra. Este ano vamos mostrar que nossa reta é firme e que estamos olhando para o futuro e sabemos o que queremos, vamos começar a pôr de pé o portfólio de renováveis. Ele vai mostrar que tem qualidade e é consolidado, além de firme. Não é coisa besta, nem pequenininha”, disse o CEO.

Prates voltou a destacar a eólica offshore como a “menina dos olhos” da Petrobras, já que a petroleira estuda uma carteira de projetos que soma 30  GW. O CEO disse que a empresa aguarda com expectativa a aprovação do marco regulatório para o setor no Brasil. Atualmente, o projeto de lei que aguarda apreciação do Senado está cheio de jabutis incluídos na Câmara de Deputados e que beneficiam justamente os combustíveis fósseis, como gás natural e até carvão. “Quando sair (o marco regulatório), vamos reinar praticamente sozinhos nesse mercado. Essa é nossa grande aposta e vamos fazer a diferença.” Esperemos.

Na 2ª feira (22/1), Prates informou que está revitalizando o prédio sede da Petrobras no Rio Grande do Norte (EDIRN) para servir de apoio à diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa e se tornar a sede do polo eólico offshore da estatal, previsto para o final da década, informam InfoMoney e Época Negócios. Mas, como não consegue deixar de pensar em combustíveis fósseis, o executivo disse também que a estrutura será “fundamental no seguimento de prospecção da Margem Equatorial [leia-se ‘Foz do Amazonas e outras bacias da região’]”. Esperemos que não.

Os planos de transição energética envolvem também combustíveis renováveis. Numa frente, a companhia quer criar grupos de trabalho com o setor sucroalcooleiro do Nordeste para desenvolver novos projetos no segmento, relatam UOL e Brasil 247. Na outra, planeja ampliar a produção de diesel fóssil coprocessado com óleos vegetais – o chamado “diesel R”. Para isso, Prates Prates voltou a defender a inclusão do produto no mandato de biocombustíveis, complementando o mandato já existente para o biodiesel.

 

ClimaInfo, 24 de janeiro de 2024.

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