Relógio do Juízo Final: guerras e crise climática ameaçam sobrevivência da humanidade

23 de janeiro de 2024
Relógio do Juízo Final
Bulletin of the Atomic Scientists

Conjunção de ameaças, com destaque para os impactos da mudança do clima, mantém o mundo em um “estado contínuo de perigo sem precedentes”, alertaram cientistas.

90 segundos para a meia-noite. Esta é a leitura mais recente do “Relógio do Juízo Final”, uma análise periódica do Bulletin of the Atomic Scientists, divulgada nesta 3ª feira (23/1). De acordo com o grupo, a humanidade enfrenta um conjunto de ameaças existenciais que podem colocar em risco a vida na Terra.

O índice usa a analogia do relógio para analisar o quadro de desafios e problemas enfrentados pela humanidade desde os anos 1940, quando o risco de uma hecatombe nuclear durante a Guerra Fria amedrontou o planeta e trouxe a perspectiva de um “fim do mundo”. O quão mais próximo da meia-noite, mais próxima a humanidade está de um desastre global. 

A leitura de 2024 repete a de 2023, mantendo-se como a pior desde o começo dos alertas, e indica que os países não estão reagindo aos riscos que ameaçam a estabilidade e a segurança global. Além da persistência da guerra entre Rússia e Ucrânia, prestes a completar dois anos, e o ressurgimento da violência sectária entre Israel e Palestina, a crise climática figura entre as principais ameaças à humanidade.

“Em 2023, o mundo entrou num território desconhecido, ao sofrer o ano mais quente de que há registo e as emissões globais de gases com efeito de estufa continuaram a aumentar. (…) O mundo já corre o risco de ultrapassar uma meta do acordo climático de Paris – um aumento da temperatura não superior a 1,5oC acima dos níveis pré-industriais – devido a compromissos insuficientes para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e à implementação insuficiente dos compromissos já assumidos”, destacou a análise.

O Bulletin of Atomic Scientists também citou os investimentos históricos em energia renovável no ano passado, bem como a meta de triplicar a capacidade de fontes renováveis em todo o mundo até 2030, definida pelos países na COP28. Por outro lado, a análise também lembrou que os governos insistem em manter subsídios aos combustíveis fósseis e que a indústria petroleira segue investindo em novos projetos de energia suja.

“Como se estivessem no Titanic, os líderes estão conduzindo o mundo para a catástrofe – mais bombas nucleares, vastas emissões de carbono, patógenos perigosos e inteligência artificial. Só as grandes potências como a China, a América e a Rússia podem nos fazer recuar”, afirmou o ex-governador da Califórnia Jerry Brown, que preside o Bulletin. “Apesar dos antagonismos profundos, eles devem cooperar – ou estaremos condenados”.

O alerta do “Relógio do Fim do Mundo” teve grande repercussão na imprensa, com manchetes na BBC, CNN, Deutsche Welle, Guardian, Independent, NBC News, e Reuters, além do Correio Braziliense, Folha e O Globo.

 

ClimaInfo, 24 de janeiro de 2024.

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