Garimpeiros usam redes sociais para driblar fiscalização na Terra Yanomami

garimpo ilegal Terras Yanomami
Chico Batata / Greenpeace

Garimpeiros compartilham informações e dicas para escapar de fiscais dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, aproveitando a falta de controle das plataformas sobre conteúdo.

O acesso facilitado à internet por satélite, que se popularizou nos últimos anos na região amazônica, transformou plataformas como Facebook, Twitter (vulgo X) e até mesmo o TikTok em armas do garimpo ilegal para desafiar o poder público e incentivar a atividade criminosa. De forma explícita, garimpeiros estão recorrendo às redes sociais para trocar informações sobre as ações de fiscalização ambiental na Terra Indígena Yanomami.

A Deutsche Welle abordou como o garimpo ilegal está utilizando as redes sociais em seu favor. Vídeos que circulam no TikTok, famoso pelas “dancinhas” de adolescentes, mostram dicas de garimpeiros para esconder o maquinário da fiscalização e evitar sua apreensão ou destruição. Informações sobre operações antigarimpo também são compartilhadas em grupos de WhatsApp, substituindo a tradicional (e facilmente captada) comunicação por rádio.

“Todo garimpo hoje tem alguma antena de internet por satélite, o que facilitou muito a comunicação”, explicou André Luiz Porreca Ferreira Cunha, procurador da República no Amazonas. “Mas, caso o sinal seja bloqueado, pode prejudicar quem usa licitamente, incluindo, por exemplo, equipes médicas que operam na região.”

A liberdade dos garimpeiros nas redes sociais é favorecida pela falta de controle efetivo das plataformas sobre os conteúdos compartilhados por seus usuários. Esse é um problema crônico das redes sociais, e as empresas insistem em se isentar de qualquer responsabilidade.

O Mercado Livre, uma das maiores plataformas de e-commerce do Brasil, é um exemplo recente desse problema. Na semana passada, o Ministério Público Federal encaminhou um pedido à empresa para retirar anúncios de venda de mercúrio para garimpo. Mesmo contrariando as políticas da plataforma, que impede a comercialização de produtos restritos, os anúncios foram mantidos no ar.

Em tempo: O jornalista Rubens Valente (Agência Pública) conversou com Natuza Nery no podcast O Assunto, do g1, sobre a crise humanitária e de segurança pública na Terra Yanomami. Valente explicou como a redução da presença das Forças Armadas na região favoreceu o retorno dos garimpeiros e dificultou a distribuição de mantimentos e remédios às comunidades indígenas.

 

ClimaInfo, 2 de fevereiro de 2024.

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