Cientistas sugerem criar nova categoria máxima para furacões

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Furacão Patrícia, categoria 5 - Scott Kelly/EPA

Mudanças climáticas influenciam a intensidade de tempestades e refletem a necessidade de mudar a forma como os riscos associados a elas são comunicados à população.

A escala de furacões de Saffir-Simpson é a medida usada há mais de 50 anos para classificar esses eventos climáticos em cinco categorias, de 1 a 5, com base na intensidade dos ventos. Mas, com o aumento das temperaturas dos oceanos, resultante das mudanças climáticas, e seus efeitos sobre esses fenômenos, cientistas questionam se esses níveis são suficientes para comunicar os riscos associados às tempestades. E um sexto patamar de classificação pode estar a caminho.

A proposta de criar mais um nível na escala Saffir-Simpson é resultado de uma pesquisa publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) na 2ª feira (5/2). “A natureza aberta da 5ª categoria da Saffir-Simpson torna-se cada vez mais problemática para transmitir o risco dos ventos num mundo em aquecimento. Investigamos a extensão para uma 6ª categoria da escala para comunicar que as mudanças climáticas fizeram com que os ventos dos ciclones tropicais se tornassem significativamente mais fortes”, dizem os autores, Michael F. Wehner, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, e James P. Kossin, da Universidade de Wisconsin–Madison, ambos nos Estados Unidos.

Ao analisar uma série de dados de furacões de 1980 a 2021, os pesquisadores constataram que, na última década desse período temporal, cinco deles teriam sido classificados na nova categoria de força 6, que incluiria todos os furacões com ventos sustentados de 300 km/h ou mais, explica o Guardian. Esses megafuracões estão se tornando cada vez mais frequentes ​​devido às mudanças climáticas, mostram estudos.

Também foram estudadas simulações para entender o impacto do aquecimento climático na intensidade dos furacões. Com 2oC de aquecimento acima dos níveis pré-industriais, o risco de tempestades da categoria 6 aumenta em até 50% perto das Filipinas e dobra no Golfo do México, locais que apresentam o maior risco dessas tempestades ao lado do Sudeste Asiático, detalha a Galileu.

Vale lembrar que no Atlântico Norte e no Oceano Pacífico Nordeste essas tempestades são chamadas de furacões. No Oceano Pacífico Noroeste são nominadas tufões. Ambos são considerados subtipos de ciclone, termo usado para denominar esse fenômeno no Pacífico Sul, no Oceano Índico e também no Atlântico Sul.

Os meteorologistas têm debatido se a escala Saffir-Simpson capta de forma adequada os perigos das tempestades atuais – já que só leva em conta os ventos, e não as ondas violentas ou as inundações – e se é necessária uma nova categoria de topo, lembra o Washington Post. Com o novo estudo, os pesquisadores dizem que estão formalizando essa discussão.

A expectativa é estimular mais debates acadêmicos sobre a forma como a crise climática está aumentando os perigos tal como os conhecemos. “Ter [categoria 5] significando algo acima de um certo limite está se tornando cada vez mais problemático”, disse Kossin. “Isso tende a subestimar o risco”, completou.

AP, CBS, Axios, CNN e Grist também repercutiram o estudo que propõe um novo nível na escala de medição de furacões.

 

ClimaInfo, 7 de fevereiro de 2024.

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