Marinha deve averiguar possível vazamento de petróleo na costa do Amapá

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Victor Moriyama/Greenpeace

Alerta foi feito pelo Instituto Arayara, que apontou mancha de 170 km2 com 70% de chance de ser petróleo; militares vão verificar presença de embarcações.

A Marinha deve averiguar se houve um vazamento de petróleo a 438 km da costa do Amapá. A Força recebeu ofício do IBAMA pedindo uma análise sobre a presença de embarcações na região onde teria ocorrido um vazamento. A área está fora da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), faixa que vai além do mar territorial e sobre a qual o Brasil exerce soberania.

O Instituto Arayara comunicou o IBAMA na semana passada sobre um possível vazamento de petróleo na costa do Amapá. Também foram comunicados o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), informa a Folha. No documento enviado aos órgãos, a ONG indicava que o vazamento podia ter uma embarcação como origem.

A mancha detectada teria 170 km2, como consta no ofício do Arayara. “Portanto, um incidente relevante”, destacou o instituto. A ONG usou imagens do satélite Sentinel-1 de setembro de 2023, processadas por um sistema de monitoramento da organização Skytruth. Por isso, a chance de que seja uma mancha de petróleo é de 70%, conforme o sistema utilizado.

Há dúvidas sobre quem deveria agir em caso de um vazamento de petróleo num ponto fora da zona exclusiva, explica a Folha. A área é reivindicada pelo país para extensão da ZEE, segundo o instituto.

A possível origem alerta para a necessidade de maior fiscalização da área, disse ao SBT o gerente de oceanos e clima do Arayara, Vinícius Nora. “Precisa de um monitoramento mais atento nessa região, porque tem correntes fortes, e isso não é só sobre o bloco [FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, operado pela Petrobras] que não teve licença permitida, mas também sobre o grande tráfego de embarcações comercializando petróleo. Então, são rotas como essa que podem gerar um novo vazamento”, destacou Nora.

A preocupação com a região do litoral do Amapá e da foz do Amazonas, áreas de altíssima sensibilidade ambiental, aumenta ainda mais quando lembramos o megavazamento de petróleo que em 2019 atingiu mais de 3 mil km do litoral de 11 estados, concentrando-se principalmente no Nordeste. Foram recolhidas cerca de 5 mil toneladas de resíduos de óleo em 1.009 localidades, incluindo 55 áreas de proteção marinha. Foi um dos piores desastres ambientais com combustíveis fósseis da história do país. 

Somente após dois anos a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o derramamento. Segundo a investigação, o navio Bouboulina, da empresa grega Delta Tankers, foi o responsável pelo episódio – a empresa sempre negou a acusação. A embarcação estaria levando petróleo da Venezuela para a Malásia, mas a PF não conseguiu explicar como o derramamento ocorreu, nem identificou a quantidade de óleo efetivamente vazado para o mar.

Em tempo: A produção média de petróleo e gás fóssil do Brasil bateu recorde em 2023, com 4,344 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia, mostrou a ANP. É uma alta de 11,69% em relação ao recorde anterior, em 2022, e a primeira vez na história que a produção média anual nacional supera 4 milhões de BOE diários. No ano passado foram produzidos, em média, 3,402 milhões de barris por dia de petróleo, alta de 12,57% ante o ano anterior, e 150 milhões de metros cúbicos por dia de gás, aumento de 8,7% em comparação com 2022, informam Valor, Agência Brasil, InfoMoney e Poder 360.

 

ClimaInfo, 7 de fevereiro de 2024.

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