Degelo de verão se prolonga na Antártica e preocupa cientistas

degelo Ártico
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A estação de degelo se prolongou mais de um mês além do usual em áreas da Antártica; cobertura de gelo marinho registra novo recorde negativo.

Duas notícias preocupantes sobre a Antártica: ao mesmo tempo em que o período de degelo está se prolongando em diversas áreas do continente, a cobertura de gelo marinho na região voltou a atingir seu pior patamar pelo terceiro ano seguido.

Uma análise do National Snow and Ice Data Center (NSIDC) dos EUA e da Universidade de Liège (Bélgica), divulgada pelo Financial Times, mostrou que a última estação de degelo, que ocorre durante o verão no Hemisfério Sul nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, durou ao menos um mês adicional em alguns pontos da Antártica.

Uma das áreas mais afetadas é a Península Antártica, no noroeste do continente, que registrou cerca de 40 dias adicionais de degelo em comparação com a média histórica. A intensificação e o prolongamento do período de degelo podem provocar um desequilíbrio nos processos naturais da cobertura congelada do continente antártico.

“Se temos menos gelo marinho é principalmente porque o oceano está mais quente. E, portanto, vemos um aumento na perda de massa abaixo do manto de gelo e a dissolução de icebergs”, comentou Xavier Fettweis, climatologista da Universidade de Liège.

Os dados mais recentes sobre a extensão de gelo marinho na Antártica são desanimadores. Um levantamento do NSIDC mostrou que, pelo terceiro ano consecutivo, a cobertura de gelo marinho em torno do continente caiu abaixo dos 2 milhões de km2. Até 2022, esse limite jamais tinha sido atingido na série histórica, iniciada em 1979.

Segundo o Guardian, em 21 de fevereiro, a média de cinco dias da cobertura de gelo marinho era de 1,98 milhão de km2. Esse número é abaixo dos 2 milhões de km2, mas relativamente melhor que o índice para o mesmo período em fevereiro de 2023, quando a cobertura de gelo marinho era de 1,78 milhão de km2.

Essa melhora marginal não anima os cientistas. “Acreditamos que os três anos com a cobertura de gelo marinho mais baixos já registrados serão os últimos três anos”, afirmou Will Hobbs, cientista de gelo marinho da Universidade da Tasmânia.

Em tempo: O degelo não é a única preocupação dos cientistas na Antártica. Autoridades da Espanha confirmaram que diagnosticaram o primeiro caso da gripe aviária no continente gelado. De acordo com o Guardian, o vírus H5N1 foi identificado em duas aves necrófagas mortas, da espécie skua, encontradas perto da Base Primavera, operada pelo governo da Argentina na Península Antártica. O principal temor é os efeitos de doenças desse tipo nas espécies nativas da Antártica, como pinguins, que se mantinham ilesas dessa ameaça por conta da distância e das condições climáticas. As mudanças ambientais observadas nas últimas décadas, em especial o aquecimento global, criaram condições que permitiram a chegada do vírus ao continente.

 

ClimaInfo, 29 de fevereiro de 2024.

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