Ministros do G20 podem sinalizar caminhos para discussão sobre financiamento climático na COP29

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Reprodução / TV Globo

Encontro de ministros da economia e presidentes de bancos centrais em SP inaugura “trilha de finanças” de discussões preparatórias à cúpula do G20 no Brasil.

A cidade de São Paulo recebe nesta 4ª feira (28/2) o encontro de ministros de economia e presidentes dos bancos centrais do G20, grupo que reúne as maiores economias do planeta. O evento abre a chamada “trilha de finanças” da agenda brasileira na presidência do G20, que terá como objetivos principais o redirecionamento de recursos para ações de combate à pobreza e contra a mudança climática.

Uma das expectativas em torno da presidência do Brasil no G20 é de que essas discussões financeiras sinalizem um caminho para que os países possam avançar nas negociações em torno da ampliação do financiamento climático na próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP29), que acontecerá em Baku (Azerbaijão) no final do ano.

“É muito importante para a COP29, na verdade, o G20, porque o avanço da discussão do pacote de financiamento no G20, se sair com algumas sinalizações positivas, obviamente, impacta a COP29”, avaliou Maria Netto, diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), ao Valor. “A expectativa é haver um foco sobre como o pacote financeiro para a COP29 vai poder avançar através do G20”.

Um dos tópicos principais na agenda brasileira para o G20 neste ano é a discussão sobre a reforma do sistema multilateral, em especial de instituições financeiras como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). A ideia do Brasil é reforçar o papel desses organismos no apoio à transição energética e à adaptação nos países em desenvolvimento sem acarretar novas dívidas externas.

“Acho que um tema importante que pode sair também é essa questão da gestão da dívida, que pode ser menos relevante para o Brasil, mas que é muito importante para países menores, mais pobres e vulneráveis com uma pressão fiscal muito grande, sobretudo na África”, assinalou Netto.

A agenda brasileira para o G20 ganhou um apoio importante nesta 3ª feira (27). A secretário do tesouro dos EUA, Janet Yellen, destacou que os objetivos do Brasil de combate à pobreza e à crise climática são compartilhados pelo governo do presidente Joe Biden. A representante norte-americana também afirmou que o Brasil está bem posicionado para se beneficiar da transição verde.

“Vocês têm a vantagem de ter uma rede de energia que já é, em sua maioria, renovável, enquanto economias ao redor do mundo aumentam a internalização do custo da pegada de carbono na produção”, disse Yellen durante evento na Câmara de Comércio Brasil-EUA (Amcham Brasil), em São Paulo.

Já a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), que também participou do evento em SP, assinalou a importância da colaboração entre os países para avançar de fato na transição verde. “É um esforço de pegar nossas vantagens comparativas e trabalhar no terreno da colaboração. Não existe mais a lógica de externalidades negativas. Ou criamos externalidades positivas para todos ou não vamos dar conta do recado”, disse.

Correio Braziliense, Folha, g1 e Valor repercutiram o evento com Marina Silva e Janet Yellen. Já Brasil de Fato e CNN Brasil abordaram as expectativas em torno do encontro de ministros da economia do G20 em SP.

Em tempo: O Brasil pode contribuir bastante para o avanço das negociações climáticas na ONU nos próximos anos, especialmente se alinhar seus esforços aos interesses das nações mais pobres e vulneráveis e demonstrar liderança na transição energética. Essa é a opinião de Laurence Tubiana, ex-diplomata francesa e considerada uma das arquitetas do Acordo de Paris em 2015. Em entrevista à Folha, Tubiana lamentou a influência crescente da indústria de combustíveis fósseis nas negociações sobre o clima e defendeu que os países em desenvolvimento tenham mais espaço e voz nessas discussões.

 

 

ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2024.

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