Após atingir mamíferos, gripe aviária contamina pinguins na Antártica

gripe aviária Antártica
Paul Carroll / Unsplash

Doença foi confirmada em dez pinguins na Geórgia do Sul, um dos maiores refúgios de vida selvagem do mundo, e aumenta risco de nova pandemia.

Após ser constatada em aves marinhas e mamíferos no território britânico da Geórgia do Sul, na Antártica, um dos maiores refúgios de vida selvagem do planeta, a gripe aviária agora atingiu pinguins. Até o momento foi confirmada a contaminação de dez animais, incluindo pinguins-gentoo e pinguins-rei.

A temporada de reprodução está se encerrando na ilha. Logo, os impactos imediatos provavelmente serão limitados. No entanto, há preocupação para a próxima temporada, quando a vida selvagem se reúne novamente em massa na região, explica a BBC.

As praias da Geórgia do Sul são famosas pelas impressionantes aglomerações de animais. Mais de 1 milhão de indivíduos se juntam para cortejar, acasalar e criar seus filhotes.

O vírus mortal da gripe aviária tem se espalhado de maneira mais agressiva do que nunca em aves selvagens e mamíferos marinhos desde sua chegada à América do Sul em 2022, aumentando o risco de evoluir para uma ameaça maior para os humanos, segundo cientistas ouvidos pela Reuters. A cepa apareceu em dezenas de espécies de aves, incluindo migratórias, que podem se espalhar para além da região.

A preocupação mais imediata é a evidência de que a doença, antes em grande parte confinada a espécies de aves, parece estar se espalhando entre mamíferos. A cepa atual já matou alguns golfinhos no Chile e no Peru, cerca de 50.000 focas e leões-marinhos ao longo das costas, e pelo menos meio milhão de aves em toda a região.

Para confirmar a transmissão entre mamíferos, os cientistas provavelmente precisariam testar infecções em animais vivos. Mas, mesmo não tendo feito isso, acreditam que trata-se de um fato consumado.

“É quase certo que isso aconteceu”, disse Richard Webby, virologista do St. Jude’s Children’s Research Hospital, em Memphis, nos Estados Unidos. “É muito difícil explicar algumas dessas grandes infecções e morrer sem que haja disseminação de mamífero para mamífero”, completou.

Bióloga e professora da Universidade de East Anglia, Diana Bell, chama atenção no The Conversation para a possibilidade de uma nova pandemia. Na verdade, segundo a especialista, isso já está acontecendo. “Quando as pessoas me perguntam qual acredito ser a próxima pandemia, muitas vezes digo que estamos no meio de uma – ela simplesmente está afetando muitas espécies mais do que a nossa”, explicou.

Guardian, Sky News, Cosmos Magazine e Independent também noticiaram os casos de gripe aviária em pinguins e outros animais na Antártica.

 

ClimaInfo, 14 de março de 2024.

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