Crescimento da dengue está relacionado com desmatamento e crise climática, diz estudo da Fiocruz

18 de março de 2024
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Agência Brasília/Flickr

Pesquisa da Fiocruz mostra expansão da dengue no Sul e Centro-Oeste, principalmente por conta das temperaturas mais altas e da perda de áreas verdes.

A incidência cada vez maior da dengue em áreas onde antes a doença era incomum está diretamente relacionada com as constantes ondas de calor causadas pelas mudanças climáticas e a ocupação humana crescente de áreas recém-desmatadas. Essa é a conclusão de um novo estudo por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado na semana passada na revista Scientific Reports.

O estudo utilizou técnicas de mineração de dados para identificar indicadores climáticos e demográficos que pudessem explicar o crescimento do número de casos de dengue nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil. De acordo com a análise, a ocorrência de anomalias de temperatura por período prolongado, em especial ondas de calor, associado com a urbanização e o crescimento populacional de áreas antes ocupadas por vegetação, seriam os principais fatores que resultaram no aumento da incidência da doença entre 2014 e 2020.

“No interior do Paraná, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, o aumento de temperaturas está se tornando quase permanente. A gente tinha cinco dias de anomalia de calor, agora são 20, 30 dias de calor acima da média ao longo do verão. Isso dispara o processo de transmissão da dengue, tanto por causa do mosquito [Aedes aegypti] quanto pela circulação de pessoas”, explicou Christovam Barcellos, pesquisador da Fiocruz e um dos autores do estudo.

Além do calor acima da média, o avanço do desmatamento, principalmente no Cerrado, vem favorecendo a proliferação da dengue no Centro-Oeste brasileiro. “Nessas regiões que estão sofrendo com altas de temperatura, também temos visto um desmatamento muito acelerado. E dentro do Cerrado, há as cidades que já têm ilhas de calor, áreas de subúrbio ou periferias com péssimas condições de saneamento, tornando mais difícil combater o mosquito”, afirmou Barcellos. Folha e O Globo deram mais informações sobre o estudo.

A nova análise reforça pesquisas recentes que apontam para a conexão entre a intensificação do calor extremo e a explosão da dengue. O verão de 2023/2024, que se encerra nesta semana, é um exemplo dessa relação: os sucessivos recordes de alta temperatura em boa parte do Brasil estão sendo acompanhados por altas históricas na incidência de dengue.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil registrou até a última 6ª feira (15/3) 1.684.781 casos de dengue desde o começo de 2024. Esse número supera o total de casos registrados ao longo do ano passado inteiro. O ano de 2024 já é o 2º pior da série histórica, atrás apenas de 2015, quando o país contabilizou mais de 1,688 milhão de casos de dengue. No entanto, com mais de nove meses pela frente até o final do ano, é quase certo que 2024 se confirmará como o pior da série histórica da doença no país.

Agência Brasil, CNN Brasil, Correio Braziliense, Folha e g1 repercutiram a explosão de casos de dengue no Brasil em 2024.

 

 

ClimaInfo, 18 de março de 2024.

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