Temporais matam no Rio de Janeiro e no Espírito Santo

25 de março de 2024

Menos potentes do que inicialmente previstos, chuvas mataram 8 pessoas em território fluminense, sendo 4 em Petrópolis, e pelo menos outras 17 no sul capixaba.

As tempestades previstas por serviços de meteorologia para o Sudeste no fim de semana acabaram sendo menos severas do que os dados inicialmente apontavam. Ainda assim, provocaram estragos em várias cidades do Rio de Janeiro e do sul do Espírito Santo, onde a frente fria causadora de ventos e chuvas fortes estacionou. E até o início da noite de domingo (24/3), pelo menos 25 pessoas morreram em decorrência dos temporais nos dois estados.

A situação mais grave ocorreu em pequenas cidades do sul capixaba, onde 17 pessoas morreram, 15 delas em Mimoso do Sul e 2 em Apiacá, revela a Agência Brasil. Além disso, havia 5.481 desalojados e 255 desabrigados, detalha a Folha. No sábado (23/3), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, decretou situação de emergência em 13 municípios devido à chuva que atingiu a região.

Segundo a Defesa Civil, o risco de deslizamentos de terra e quedas de barreira era muito alto em Bom Jesus do Norte e alto em Mimoso do Sul, Muniz Freire, Guaçuí, Alegre, Vargem Alta, Jerônimo Monteiro, Linhares, Rio Novo do Sul e Presidente Kennedy. Havia também o risco hidrológico nas bacias dos rios Pomba e Muriaé e partes baixas das bacias dos rios Itapemirim e Itabapoana.

O prefeito de Mimoso do Sul, Peter Costa, publicou um vídeo nas redes sociais mostrando seu desespero, informa o g1. Aos prantos, o prefeito dizia que não sabia mais o que fazer. “Mimoso todo está me ligando. Meu pai está com o barco dele salvando algumas pessoas. As pessoas dizendo que estão morrendo em um lugar, morrendo em outro lugar. Eu não sei mais o que fazer.”

Uma cena impressionante registrada na cidade foi quando um caminhão do corpo de bombeiros foi arrastado pela enxurrada, mostra o Correio Braziliense. De acordo com a corporação, os militares estavam atendendo ocorrências na região quando estacionaram a viatura e seguiram até o local do atendimento de um bote. O nível da água subiu rapidamente e atingiu o veículo, que foi arrastado pela enchente.

No Rio de Janeiro, as fortes chuvas deixaram 8 mortos: 4 em Petrópolis e 2 em Teresópolis, cidades da região serrana do estado, além de 1 morto em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e 1 em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos. Até o fim da tarde de sábado, os bombeiros haviam resgatado mais de 90 pessoas com vida em decorrência de deslizamentos, desabamentos, inundações e alagamentos provocados pelas chuvas no estado, informa a Agência Brasil.

Também no sábado, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) reconheceu a situação de emergência em Petrópolis por causa dos desastres causados pelas fortes chuvas, segundo a CNN e o g1. A cidade tem um histórico de tragédias por causa de chuvas extremas. Em fevereiro e março de 2022, mais de 240 pessoas morreram na cidade em decorrência de temporais.

A tragédia desse fim de semana em Petrópolis também produziu uma cena emocionante. Bombeiros conseguiram resgatar com vida sob os escombros de um imóvel uma menina de 4 anos, destaca o UOL, quase 15 horas após o desabamento. Entretanto, pai, mãe, irmão e avó da menina não tiveram a mesma sorte e acabaram morrendo.

No Rio, tanto prefeituras quanto o governo estadual adotaram medidas de redução de danos – como decretação de ponto facultativo e suspensão de aulas –, diante das previsões para o estado. Assim como os alertas dos serviços de meteorologia, essas ações mostraram o caminho em tempos de eventos climáticos extremos e com cidades ainda muito vulneráveis.

Para especialistas ouvidos por O Globo, a estratégia adotada deve ser incorporada daqui para frente, sem que sejam deixadas de lado ações estruturantes, como melhorar as condições de moradia e saneamento.

As chuvas no Rio de Janeiro e Espírito Santo também foram repercutidas por g1, R7, UOL, Metrópoles, Estadão e Poder 360.

Em tempo 1: Cada R$ 1 investido na implementação, em áreas urbanas, de sistemas de alerta para eventos climáticos extremos, como secas e inundações, pode evitar perdas e custos de até R$ 661 em 8 anos. Os dados são do levantamento Avaliação de Custos e Benefícios da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) – Estudos de Casos. O estudo inédito foi financiado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), detalha a Agência Brasil.

Em tempo 2: Todos os estados do Brasil registraram temperaturas de 0,71°C acima da média durante a maior parte do verão, entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024. Os dados estão no relatório de medição sazonal da Climate Central, detalha Carlos Madeiro no UOL. A entidade apontou ainda que todos os estados do país tiveram temperaturas acima da média registrada entre os anos de 1991-2020. Há casos em que a temperatura média chegou a subirmais de 2°C, em alguns momentos, como em Roraima onde, além do calor intenso e fora dos padrões, o período foi marcado por uma intensa seca. Em fevereiro, a temperatura média foi 2,03°C a mais que a média em Roraima. No período total analisado, o estado teve aumento de 1,72°C.

 

ClimaInfo, 25 de março de 2024.

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