Clima extremo: recorde de desastres naturais causou perda segurada de US$ 108 bilhões em 2023

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Chris Gallagher / Unsplash

As perdas seguradas globais decorrentes de desastres naturais, como o clima extremo, ultrapassaram US$ 100 bilhões em 2023, de acordo com levantamento da Swiss Re.

A sucessão de desastres naturais, como tempestades, inundações, incêndios florestais e secas extremas, puxou as perdas seguradas ao redor do mundo para acima dos US$ 100 bilhões. De acordo com levantamento da seguradora Swiss Re divulgado na última 3ª feira (26/3), mais de 60% desse total estão relacionados a tempestades convectivas severas (SCS), com perdas seguradas acumuladas de US$ 64 bilhões.

A catástrofe natural mais destrutiva de 2023 foi o terremoto que atingiu a Turquia e Síria em fevereiro daquele ano, com perdas estimadas em US$ 6,2 bilhões. Dos 142 desastres naturais segurados no ano passado, a maior parte (30) foi de gravidade média, com perdas de 1 a 5 bilhões de dólares, muito mais do que a média dos dez anos anteriores (17). Desses eventos, 21 foram tempestades severas, um novo recorde.

Depois dos ciclones tropicais, as SCS se consolidaram como o segundo maior perigo gerador de perdas seguradas, por conta das exposições causadas pela urbanização e pelo crescimento econômico e populacional. As tempestades de granizo são o principal contribuinte para as perdas seguradas de SCS, responsáveis por 50% a 80% de todas as perdas nessa categoria.

As perdas seguradas totais de US$ 108 bilhões em 2023 mantiveram a média de crescimento anual desde 1994 na faixa dos 5% a 7%. No entanto, a expectativa é de que esses valores possam duplicar nos próximos dez anos, à medida que as temperaturas subirem e os eventos climáticos extremos se tornarem mais frequentes e intensos.

Outro dado preocupante é o comparativo entre a perda segurada média e o crescimento econômico global. Segundo a Swiss Re, de 1994 a 2023, as perdas seguradas ajustadas pela inflação foram em média 5,9% ao ano, enquanto o PIB global cresceu 2,7%. Ou seja, nos últimos 30 anos, o peso das perdas relativas em comparação com o PIB duplicou.

“Mesmo sem uma tempestade histórica na escala do furacão Ian, que atingiu a Flórida no ano anterior, as perdas globais por catástrofes naturais em 2023 foram graves. Isto confirma a tendência de 30 anos de perdas que tem sido impulsionada pela acumulação de ativos em regiões vulneráveis a catástrofes naturais”, observou Jérôme Jean Haegeli, economista-chefe do Grupo Swiss Re.

AFP, Axios e Bloomberg destacaram os principais pontos da análise.

Em tempo: Se 2023 foi relativamente tranquilo, a temporada 2024 de tempestades tropicais no Atlântico promete ser uma das mais intensas dos últimos anos. De acordo com a Accuweather, podemos esperar um “frenesi de sistemas tropicais” no período de 1º de junho até o final de novembro, com a possibilidade dos meteorologistas esgotarem o alfabeto de tempestades nomeadas. O principal fator para essa ocorrência maior é a alta temperatura do mar na região do Golfo do México e do Caribe, área onde se formam as tempestades. As temperaturas observadas em março foram próximas ou até mais altas do que no mesmo mês nos anos de 2005 e 2020, temporadas particularmente intensas. A notícia é da Bloomberg.

 

ClimaInfo, 28 de março de 2024.

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