Com 783 milhões de pessoas com fome, mundo desperdiça 1 bilhão de refeições por dia

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Relatório do PNUMA mostra avanço da insegurança alimentar e fome, mesmo com o desperdício de milhões de toneladas diárias de comida ao redor do mundo.

A luta contra a fome e a insegurança alimentar ainda tropeça em problemas de acesso que deixam milhões de pessoas sem comida, mesmo com um desperdício diário de alimento na casa dos bilhões de refeições diárias. Um novo relatório do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) mostrou que cerca de 783 milhões de pessoas passaram fome em todo o mundo em 2022, com um terço da humanidade sendo afetado pela insegurança alimentar.

Esses números ficam ainda mais absurdos se considerarmos que o desperdício de alimentos segue alto – mais de 1 bilhão de refeições diárias foram para a lata de lixo em 2022. Esse desperdício acontece tanto em países ricos, onde o acesso à alimentação é maior, como em desenvolvimento, onde residem as maiores lacunas nas cadeias de abastecimento alimentar.

O resultado agregado é uma pegada de carbono que equivale a até 10% das emissões anuais de gases de efeito estufa de todo o mundo, quase cinco vezes mais do que o setor da aviação. Além disso, o avanço da produção agrícola também resulta em uma perda significativa da biodiversidade. O custo da perda e do desperdício de alimentos na economia global está estimado em US$ 1 trilhão anuais.

“O desperdício de alimentos é uma tragédia global. Esta não é apenas uma questão importante de desenvolvimento, mas os impactos desses resíduos desnecessários estão causando custos substanciais ao clima e à natureza”, afirmou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.

O relatório do PNUMA oferece um guia para que os países passem a monitorar e mensurar consistentemente o desperdício alimentar em suas economias. Esse é um fator importante que ainda não está presente na maior parte dos planos nacionais climáticos sob o Acordo de Paris: de acordo com a análise, apenas 21 países incluíam a perda de alimentos e/ou a redução do desperdício em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) em 2022.

“O processo de revisão das NDCs em 2025 proporciona uma oportunidade fundamental para aumentar a ambição climática, integrando a perda e o desperdício de alimentos”, destacou o PNUMA.

Associated Press, CNN, Guardian e PBS, entre outros, repercutiram o relatório do PNUMA sobre o desperdício e a perda de alimentos ao redor do mundo.

Em tempo: Um grupo de 27 pesquisadores e lideranças na área de segurança alimentar, reconhecidas com o Prêmio Mundial da Alimentação, da FAO, instaram os governos do G20 a apoiar a proposta da presidência brasileira para se comprometer com o fim da fome e da pobreza globais. Nomes como Sir David Navarro, colíder do Grupo Global de Respostas a Crises da ONU, a professora Gebisa Ejeta, recém-premiada com a Medalha Nacional da Ciência pelo governo dos EUA, e a cientista da NASA Cynthia Rosenzweig, saudaram o compromisso apresentado pelo Brasil e defenderam que as demais economias do G20 se alinhem a esse objetivo. A notícia é da CNBC Africa.

 

ClimaInfo, 28 de março de 2024.

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