Irritados com Biden, executivos do Big Oil não se animam com possível retorno de Trump nos EUA

Biden Big Oil Trump EUA (1)
Rawpixel

A indústria de combustíveis fósseis nos EUA está contrariada com a política climática de Joe Biden, mas não “morre de amores” pelo ex-presidente Donald Trump. 

Para os executivos de petroleiras nos EUA, a disputa eleitoral pela Casa Branca não deveria ser uma escolha muito difícil, ao menos se considerarmos a plataforma dos dois principais candidatos. Enquanto o democrata Joe Biden vem atuando para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e incentivando novas tecnologias verdes, o republicano Donald Trump quer pisar no freio de qualquer transição energética e fincar o pé no mundo carbonizado.

No entanto, a corrida presidencial deste ano traz um “dilema” inesperado ao Big Oil. Mesmo irritados com as políticas climáticas do atual governo, o setor vem garantindo bons resultados sob a gestão Biden. Ao mesmo tempo, um retorno do negacionista Trump ao comando dos EUA poderia animar o setor, mas a perspectiva de novas “guerras comerciais” trava qualquer entusiasmo.

O Washington Post e o site POLITICO abordaram essa situação curiosa. Domesticamente, um dos principais temores de executivos do setor petroleiro é que a promessa de “terra arrasada” de Trump na política climática norte-americana leve consigo os incentivos que a gestão Biden deu para novas tecnologias caras ao setor, como a captura e o armazenamento de carbono e o desenvolvimento de hidrogênio verde.

Já no cenário externo, o maior medo do Big Oil está em eventuais reflexos de uma política comercial mais protecionista por parte de Trump, o que poderia desencadear novas guerras comerciais e prejudicar os interesses do setor. Essa preocupação aumentou depois do republicano prometer a aplicação de uma “taxa universal” de 10% sobre todas as importações nos EUA.

O desempenho do setor sob a gestão Biden também levanta dúvidas sobre a atratividade de um eventual retorno de Trump ao poder. Como destacou o Axios, mesmo com uma política ambiental e climática mais assertiva que a de seu antecessor, o atual presidente manteve as bases do mercado de petróleo e gás nos EUA, o que permitiu ao setor não apenas o crescimento da produção de combustíveis fósseis, mas também lucros recordes.

De toda forma, como o site The Hill observou, um ponto é evidente: se vencer, Trump priorizará o desmonte de tudo o que a gestão Biden tiver feito, incluindo a Lei de Redução da Inflação (IRA) e o histórico pacote climático aprovado pelo atual governo. A dúvida está na amplitude dessas mudanças, o que dependeria não apenas de uma Casa Branca ocupada por Trump, mas também de um Congresso dominado pelos republicanos.

 

 

ClimaInfo, 27 de março de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.